Quinta, 27 de novembro de 2025, 10:19
Política

Audiência do caso Tatiana Medeiros dura quase 10 horas

Primeiro dia da instrução reuniu réus, testemunhas e forte aparato de segurança; sessão deve seguir até sexta-feira com 112 pessoas convocadas

O primeiro dia da audiência de instrução e julgamento envolvendo a vereadora Tatiana Medeiros (PSB) foi encerrado na noite desta segunda-feira (24), após cerca de dez horas de depoimentos no Fórum Eleitoral de Teresina. A parlamentar responde a acusações de corrupção eleitoral e participação em organização criminosa no âmbito da Operação Escudo Eleitoral.

Tatiana não concedeu entrevistas. Durante a chegada dela ao fórum, o advogado Francisco Medeiros comentou apenas que confiava no trabalho da Justiça e que, segundo ele, os fatos seriam esclarecidos ao longo da instrução. A vereadora deixou o prédio por volta das 19h, enquanto o ex-companheiro dela, Alandilson Cardoso, também réu, saiu cerca de 15 minutos antes.


Foto: ReproduçãoAlandilson é apontado pelo Ministério Público como integrante da facção suspeita de financiar a campanha que elegeu Tatiana para a Câmara Municipal em 2024.

Antes do início dos trabalhos, a juíza Junia Maria Feitosa Fialho, responsável pela condução da audiência, explicou que a previsão inicial era ouvir 12 testemunhas no primeiro dia, mas não houve confirmação sobre o cumprimento total da pauta. A magistrada reforçou que esta é a etapa destinada à produção das provas, com depoimentos organizados na ordem legal: primeiro as testemunhas da acusação, depois as da defesa e, por último, os interrogatórios dos nove réus.

Para garantir a segurança, 30 policiais militares de unidades especializadas como Rone e Bope foram mobilizados, além de equipes da Polícia Penal. Segundo o comandante do Rone, coronel Audivam Nunes, trechos das vias ao redor do fórum foram bloqueados e a corporação também ficou responsável pela escolta de Alandilson, que foi transferido de Minas Gerais para o Piauí em outubro.

Audiência segue até sexta-feira

A previsão é de que os trabalhos aconteçam até sexta-feira (28). As sessões ocorrem na sede do Fórum Eleitoral, na zona Sul da capital, com acesso restrito a juízes, advogados, servidores, réus, testemunhas e imprensa credenciada.

Tatiana Medeiros foi presa em abril, após investigações apontarem que a campanha dela teria sido financiada com recursos provenientes de uma facção criminosa. A primeira data marcada para a audiência, em outubro, foi suspensa após o Tribunal de Justiça anular um relatório financeiro utilizado pela acusação por ter sido obtido sem autorização judicial.

No total, 112 pessoas devem ser ouvidas ao longo dos cinco dias entre elas, 103 testemunhas e os nove acusados. A juíza informou que a expectativa do Tribunal Regional Eleitoral é ouvir cerca de 20 depoentes por dia.

Os réus e as acusações

Tatiana Teixeira Medeiros (vereadora): organização criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, peculato e lavagem de dinheiro.
Alandilson Cardoso Passos (ex-companheiro): organização criminosa, corrupção eleitoral, violação de sigilo do voto, agiotagem e lavagem de dinheiro.
Stênio Ferreira Santos (padrasto): organização criminosa, corrupção eleitoral, violação do voto, peculato, apropriação indébita eleitoral, agiotagem e lavagem de dinheiro.Maria Odélia de Aguiar Medeiros (mãe): organização criminosa, corrupção eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro.
Emanuelly Pinho de Melo (assessora): organização criminosa, corrupção eleitoral e lavagem de dinheiro.
Bianca dos Santos Teixeira Medeiros (irmã): organização criminosa e corrupção eleitoral.
Lucas de Carvalho Dias Sena (cunhado): organização criminosa e corrupção eleitoral.
Bruna Raquel Lima Sousa (funcionária da ONG Vamos Juntos): organização criminosa e corrupção eleitoral.
Sávio de Carvalho França (funcionário da ONG Vamos Juntos): organização criminosa e corrupção eleitoral.

Relembre o caso

Tatiana foi presa em 3 de abril, após investigação da Polícia Federal apontar que ela teria comandado um esquema de compra de votos com participação de uma facção criminosa atuante no Piauí. Ela chegou a ficar internada por problemas de saúde durante o período de prisão e, em junho, passou para o regime domiciliar.

Em outubro, uma liminar do Tribunal de Justiça determinou a soltura da vereadora após a anulação de um dos documentos usados pela acusação. Três dias depois, o Tribunal Regional Eleitoral manteve a prisão domiciliar e o afastamento do mandato, alegando risco de interferência no andamento das investigações.

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