A Justiça Eleitoral inicia nesta segunda-feira (24), a audiência de instrução e julgamento da vereadora de Teresina, Tatiana Medeiros (PSB), e de outros oito acusados de integrar um esquema de compra de votos e organização criminosa. O processo, considerado um dos mais complexos do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), prevê a oitiva de 112 pessoas entre testemunhas de defesa, acusação e os próprios denunciados. As sessões seguem até a próxima sexta-feira (28), no Fórum Eleitoral de Teresina.
A condução do julgamento ficará a cargo da juíza Júnia Maria Feitosa, que adotou uma estrutura especial para dar conta do grande volume de depoimentos e da repercussão do caso no estado. Não há previsão de horário para encerramento dos trabalhos em nenhum dos cinco dias de audiência.
Foto: Reprodução Tatiana Medeiros foi presa em abril deste ano durante a Operação Escudo Eleitoral, que revelou um esquema de compra de votos supostamente financiado por seu namorado, Alandilson Passos, apontado como integrante de uma facção criminosa. Segundo o Ministério Público, ele teria repassado cerca de R$ 1 milhão para a campanha da parlamentar em 2024, valor que seria fruto de atividades ilícitas. O montante era movimentado pelo padrasto da vereadora, Stênio Ferreira, também denunciado.
A acusação afirma ainda que o Instituto Vamos Juntos, organização fundada por Tatiana, teria sido utilizado para lavar dinheiro e distribuir benefícios em troca de votos. Após sua prisão, a vereadora foi afastada das atividades na Câmara Municipal, embora siga recebendo salário. O suplente Leôndidas Júnior (PSB) assumiu a vaga.
Inicialmente detida no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, Tatiana permaneceu presa até 3 de junho, quando obteve prisão domiciliar por motivos de saúde. Na ocasião, ela foi encontrada desacordada após ingerir medicamentos e precisou ser hospitalizada. Antes disso, um celular havia sido localizado em sua cela, com registros de ligações de vídeo entre ela e Alandilson Cardoso, preso em Minas Gerais. A própria mãe da vereadora admitiu ter entregue o aparelho, alegando que seria para orações.
Em outubro, o Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) determinou a soltura da parlamentar ao considerar inválido um relatório financeiro usado como prova, apontando ausência de autorização judicial para sua obtenção. No entanto, o TRE-PI cassou a decisão e manteve Tatiana em prisão domiciliar e afastada do mandato, até que o caso seja analisado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Com o julgamento marcado para esta semana, o processo torna-se o primeiro no Piauí envolvendo uma parlamentar acusada de participar de um esquema ligado a facções criminosas um caso que deve mobilizar a Justiça Eleitoral durante todos os cinco dias de audiência.
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