O prefeito de Teresina, Sílvio Mendes, declarou nesta sexta-feira (25) que o Hospital São Marcos recebeu recursos indevidamente da Fundação Municipal de Saúde (FMS) e afirmou que as dívidas da unidade hospitalar são resultado de operações de crédito garantidas com recursos provenientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

“O hospital contrai um empréstimo no banco. Como resultado, durante o período em que estivemos à frente, nós fomos os avalistas desses empréstimos. Então, o hospital faturava, por exemplo, R$ 10 milhões, descontava-se o valor do empréstimo, e o restante era repassado ao hospital. Naturalmente, aquilo que sobrasse era do hospital, conforme previsto no contrato”, comentou.

Além disso, o prefeito explicou que, com a desorganização da Fundação, ela deixou de realizar os descontos referentes aos empréstimos e passou a repassar ao hospital o valor total.

“O hospital, mesmo sabendo que aquele valor deveria ter sido parcialmente retido, recebeu o dinheiro integralmente — o que não era dele. Isso se acumulou por muito tempo e chegou a mais de R$ 30 milhões recebidos indevidamente. Ele recebeu dinheiro público de forma irregular, pois não houve o desconto referente ao empréstimo que ele mesmo havia feito”, afirmou.

Segundo o prefeito, há dificuldades com as contas da prefeitura e declarou que pretende mudar a forma de repasse de recursos ao hospital.

“Eu tenho dificuldade em afirmar isso, mas a prefeitura está quebrada. Não tem dinheiro para oferecer além do que já tem feito, e ainda há a renúncia de receita por se tratar de um hospital filantrópico. Parte desse valor o hospital deixa de repassar à prefeitura. E agora, um hospital que já deve mais de R$ 30 milhões ainda quer mais dinheiro da prefeitura? Paciência. Trata-se de dinheiro público. É preciso cuidar dos hospitais públicos de toda a cidade”, concluiu.

Reunião emergencial

O senador Marcelo Castro (MDB) comentou sobre o encontro entre representantes da bancada federal no Congresso e o Ministério da Saúde, e afirmou que estão buscando uma solução emergencial para o problema.

“Bom, é um drama, um problema gravíssimo que o Piauí está enfrentando, porque não é só a população de Teresina que vai sofrer. O Hospital São Marcos é praticamente o único hospital que faz o tratamento de câncer, sobretudo a radioterapia, e, evidentemente, esses tratamentos não podem ser interrompidos. Não é só o hospital que vai sofrer. Então, nós fomos ao Ministério da Saúde há uns 15 dias, acompanhando o prefeito Sílvio Mendes e os representantes do São Marcos. Tratamos do problema. Ontem, voltamos lá, com a bancada federal do Piauí. Reunimo-nos com o secretário executivo do Ministério da Saúde, e ele falou em enviar, em caráter emergencial, uma equipe para fazer o diagnóstico da situação do São Marcos e, em seguida, reunir à mesma mesa o governo federal, o governo estadual e o governo municipal para encontrar uma solução emergencial”, pontuou.