Durante a segunda oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do rombo, realizada nesta quarta-feira (6) na Câmara Municipal de Teresina, o ex-vice prefeito e ex-secretário de Finanças Robert Rios Magalhães, fez duras críticas e graves denúncias envolvendo a gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa.
Convocado para prestar esclarecimentos sobre a situação fiscal do município, Rios afirmou que a Prefeitura foi entregue com sérias limitações financeiras e que já não possuía capacidade de contrair novos empréstimos. Segundo ele, a prática de depender de financiamento externo para obras era comum nas gestões anteriores, mas a situação encontrada em 2021 era crítica:
“Quando nós chegamos à Prefeitura, ela tinha perdido por completo a capacidade de endividamento. Estávamos na letra D. Todas as obras de Teresina eram feitas mediante empréstimos. A cidade não assentava uma pedra de calçamento com recurso próprio.”
Ele também fez acusações contra a administração anterior, do ex-prefeito Firmino Filho, afirmando que, no último dia útil de 2020, todo o repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) foi gasto de maneira suspeita.
“No dia 30 de dezembro, Firmino foi à noite à Prefeitura e liquidou todo o fundo de participação. Pagou com a trilha junina, deu dinheiro para associação de amigos de Pernambuco... O objetivo era deixar a Prefeitura sem condições de pagar a folha no mês seguinte e responsabilizar a gestão seguinte por isso”.
Imagem/Reprodução Entretanto, as declarações mais polemicas de Robert Rios foram direcionadas à própria gestão de Dr. Pessoa. Ele acusou diretamente o ex-prefeito e pessoas ligadas a ele, parentes e sua maioria, de envolvimento em esquemas de corrupção e desvio de recursos públicos.
“Essa CPI não é do rombo. É do roubo. Porque houve roubo. E muito roubo. Estou afirmando isso com responsabilidade. Trabalhei 40 anos como policial e nunca tinha visto uma escala de roubo como aquela. Era escandaloso”, afirmou.
Um dos casos mencionados por Robert Rios envolve a construção do Hospital da Mulher, projeto da gestão Dr. Pessoa. Segundo o ex-secretário, houve tentativa de compra superfaturada de um imóvel na zona sul da cidade, orçado em R$ 11,5 milhões.
“Chegaram para mim querendo que eu pagasse R$ 11,5 milhões por um imóvel que não valia nem R$ 1,5 milhão. Eu disse que não pagava. Depois que deixei o cargo, me disseram que pagaram — e não foi R$ 11 milhões — foi R$ 16,5 milhões. A minha recusa aumentou o preço”, enfatizou.
Rios também relatou irregularidades no processo de licitação para a construção do Hospial da Mulher, que teria sido vencida pela empresa Avant-Garde, de propriedade de Jivago Castro. Segundo ele, a obra sequer havia sido iniciada, mas foram realizadas três medições fraudulentas que resultaram no pagamento de R$ 19 milhões à empresa.
O ex-secretário ainda criticou o que chamou de “gestão de parentesco” durante o governo Dr. Pessoa, afirmando que havia um ambiente de favorecimento familiar dentro da administração municipal.
Robert Rios finalizou reforçando que está disposto a colaborar com as investigações. "Se a Câmara quiser investigar, está aí um crime a ser investigado”, concluiu.
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