As festas de fim de ano são um convite irrecusável a reencontros, a mesas fartas, cheias de aromas e, claro, a boas histórias. E nesse cenário de celebração, o vinho é um protagonista que eleva a experiência gastronômica, acolhe e harmoniza. Do Natal ao Réveillon, um brinde consciente pode transformar sua comemoração, garantindo que você harmonize com maestria, surpreenda seus convidados e desfrute cada gole com inteligência.
Para dar início a essa jornada de sabores, o planejamento é fundamental. Antes de escolher os rótulos, pense na atmosfera do seu evento. Se a ideia é um jantar intimista e gastronômico, vinhos mais complexos, com serviço em etapas e harmonizações pontuais para cada prato, serão ideais. Já para uma festa animada e descontraída, com muitos convidados, a pedida são espumantes, brancos e rosés refrescantes, além de tintos de médio corpo e versáteis. Se a celebração acontecer ao ar livre ou em clima quente, opte por brancos aromáticos, rosés secos, espumantes brut e tintos leves, que podem ser ligeiramente refrescados. Para um público variado, o ideal é um mix equilibrado entre brut, brancos, rosés e tintos, sem esquecer de incluir opções levemente adocicadas e sem álcool. Lembre-se sempre: a acidez do vinho é sua grande aliada à mesa, combinando de forma excepcional com a diversidade de sabores das festas.
Foto: ReproduçãoA Ceia de Natal, um desfile de tradições e sabores, exige atenção especial em cada etapa. Para as entradas, canapés e frios, a leveza e a efervescência são bem-vindas; um Espumante Brut é campeão, limpando o paladar e acompanhando queijos suaves, frutos do mar e canapés variados. Se a mesa contar com charcutaria ou salmão defumado, um Rosé Brut se mostra uma opção excelente. Para saladas com frutas, folhagens e vinagretes, os brancos leves e cítricos como Sauvignon Blanc, Vinho Verde ou Albariño trazem o frescor necessário.
Passando para os protagonistas da mesa, o Peru, Chester e outras aves assadas pedem tintos leves a médios, com taninos macios e boa acidez para não ofuscar a delicadeza da carne. Pense em um Pinot Noir, um Gamay ou um Merlot jovem. Para quem prefere vinhos brancos, um Chardonnay com leve passagem por madeira oferece a textura e o corpo necessários. Quando a ceia apresenta tender, lombo e pratos com molhos adocicados de mel, mostarda ou frutas, a chave é equilibrar o dulçor; brancos aromáticos e levemente adocicados, como Riesling off-dry ou Gewürztraminer, são escolhas excelentes. Rosés com boa fruta e frescor também são ótimas opções, enquanto um espumante Demi-Sec pode agradar aos paladares que apreciam uma suavidade extra.
O bacalhau, presença garantida em muitas mesas natalinas, exige atenção devido à sua versatilidade. Para receitas clássicas e mais untuosas, como Bacalhau à Gomes de Sá ou com natas, invista em brancos encorpados e estruturados. Se a versão for mais salgada e com bastante azeite, brancos minerais de acidez vibrante serão perfeitos. Caso a preferência seja por um tinto, escolha estilos com acidez alta e taninos moderados. Para suínos assados como pernil e leitão, e outras carnes de sabor intenso, tintos de médio corpo e fruta madura são ideais – Syrah, um Malbec mais fresco ou Tempranillo crianza são excelentes pedidas.
A celebração da virada do ano pede leveza, frescor e, é claro, muitas borbulhas. Os espumantes são os reis do Réveillon, mas saber escolhê-los faz toda a diferença. Espumantes de Método Tradicional (com segunda fermentação na garrafa) oferecem maior cremosidade e complexidade, enquanto os de Método Charmat (fermentação em tanque) apresentam um perfil mais jovial e fruta evidente. Para o brinde da virada, um espumante brut de boa acidez agrada a maioria e acompanha bem desde petiscos salgados a levemente adocicados. E quando o assunto são as sobremesas e docinhos, a regra é simples: o vinho deve ser igual ou mais doce do que a sobremesa para uma harmonização perfeita.
Por fim, o serviço perfeito é fundamental para valorizar cada rótulo. A temperatura é crucial: espumantes a 6–8 °C; brancos leves e rosés a 8–10 °C; brancos encorpados a 10–12 °C; tintos leves a 12–14 °C; tintos médios a 14–16 °C; e tintos encorpados a 16–18 °C.
Não se esqueça também de ter opções de vinhos de baixo teor alcoólico e sem álcool, servidos nas mesmas temperaturas e em taças bonitas, pensando na inclusão de todos. A taça ideal, aliás, não é um mero detalhe; seu design influencia diretamente a experiência de degustação, concentrando aromas, permitindo a oxigenação e direcionando o vinho ao paladar, realçando sensações.
Com estas dicas, suas festas de fim de ano serão não apenas deliciosas, mas harmoniosamente celebradas, elevando cada prato e cada brinde a um novo patamar de sabor.
Que seu Natal seja acolhedor, seu Réveillon vibrante. À nossa Saúde e boas festas!
Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br
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