A relação entre maternidade e alimentação vai muito além das necessidades biológicas. Desde os primeiros alimentos oferecidos ao bebê até as refeições que organizam a rotina familiar, a cozinha se configura como um espaço simbólico de vínculo, aprendizagem e presença. Alimentar é, assim, um gesto sensível que marca profundamente a relação entre quem cuida e quem é cuidado.
No contexto da maternidade, o ato de cozinhar não se reduz a uma obrigação social ou a um papel imposto, mas representa uma forma de cuidado que atravessa o tempo e as culturas. Preparar uma refeição é, muitas vezes, uma maneira de educar, criar memórias e fortalecer laços. Receitas de família não são apenas instruções culinárias; são heranças afetivas e culturais que mantêm viva uma história comum.
O cheiro de um prato específico, o sabor de um tempero conhecido ou o modo particular de servir a comida são elementos que ajudam a construir a identidade e reforçam o sentimento de pertencimento.
Foto: Amadha Silveira
Na prática cotidiana da maternidade, cozinhar é um gesto que envolve atenção, escuta e presença. Ao alimentar uma criança, a mãe oferece mais do que sustento: ela apresenta o mundo pelos sentidos, estabelece rotinas de cuidado e constrói uma base afetiva sólida, ainda que nem sempre verbalizada. Na vida adulta, essas experiências sensoriais e afetivas permanecem como referências emocionais, evocadas por sabores, aromas e gestos que reativam memórias de pertencimento e segurança.
Com o Dia das Mães chegando, somos convidados a refletir sobre os gestos silenciosos e profundos que estruturam os vínculos afetivos — e a alimentação é um deles.
É importante destacar que essa dimensão do papel de mãe não deve ser compreendida como uma responsabilidade exclusiva das mulheres. Trata-se de uma expressão de cuidado profundamente humana, que pode ser compartilhada, reconhecida e vivida em diferentes contextos familiares, visto que o papel materno pode ser exercido por quem está presente no cuidado cotidiano — pais, avós, madrastas, madrinhas, irmãos mais velhos ou cuidadores. Nesses casos, a maternidade é vivida como uma função afetiva e simbólica, construída nas rotinas, nos gestos e nas relações, e não apenas determinada por vínculos biológicos ou por normas de gênero. Assim, o ato de alimentar é ressignificado como uma forma essencial de conexão — válida e significativa independentemente do tempo, do lugar ou dos papéis sociais.
Com o Dia das Mães chegando, que tal preparar uma mesa posta especial e celebrar os momentos de carinho e conexão com quem você ama? Uma refeição preparada com afeto é memória, é vínculo, é presença!
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