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Notas de Sabor

Desmistificando o vinho: Por que esperar a próxima celebração?

Essa crença de que o vinho é apenas para momentos de festa – o famoso "mito da ocasião especial" – é um comportamento frequente

Seja um aniversário, um jantar especial ou as festas de fim de ano, o vinho, para muitos, ainda ostenta o status de bebida reservada a momentos grandiosos. É uma cena recorrente, né? Aquela garrafa de vinho, paciente e sonhadora, repousando em nossos armários à espera da "ocasião perfeita". O irônico é que essa espera, muitas vezes em condições inadequadas, pode comprometer a própria qualidade do rótulo. Então, pergunto: será que realmente precisamos de um motivo extraordinário para desfrutar de um bom rótulo?

Essa crença de que o vinho é apenas para momentos de festa – o famoso "mito da ocasião especial" – é um comportamento frequente. Talvez seja reflexo da percepção de que a bebida é cara, complexa ou que exige um ritual formal para ser apreciada. No entanto, essa mentalidade acaba por nos privar de um prazer mais frequente, de uma experiência sensorial capaz de elevar até mesmo os instantes mais simples. E um adendo importante: o intuito deste artigo não é, de forma alguma, estimular o consumo de bebidas alcoólicas.

Mas afinal, de onde se origina essa ideia de que o vinho é uma bebida exclusiva para datas festivas? Em parte, suas raízes se fincam em épocas passadas: desde os tempos antigos, o vinho desempenhou um papel significativo em diversas culturas, atuando como um símbolo de celebração, tradição e refinamento. No entanto, a realidade de hoje é outra. Com a democratização da produção e o surgimento de vinhos cada vez mais acessíveis e de qualidade, essa barreira econômica e social tem diminuído consideravelmente.

Foto: Redes Sociais Amandha Silveira

Outro fator que contribui para essa aura de exclusividade é a percepção de complexidade. Muitas pessoas se sentem intimidadas pela vasta gama de tipos, uvas, regiões e pelas "regras" de harmonização. Contudo, a verdade é que o verdadeiro prazer do vinho reside, antes de tudo, na experiência pessoal e descomplicada. Não é preciso ser um sommelier para escolher um rótulo que lhe agrada e simplesmente desfrutá-lo.

Pense no vinho como um complemento que eleva uma refeição. Há uma infinidade de rótulos que se encaixam perfeitamente no cotidiano: vinhos leves, frutados e jovens, sejam eles brancos refrescantes, rosés vibrantes ou tintos descontraídos.

Adicionalmente, diversos estudos apontam que, quando consumido com moderação, o vinho – principalmente o tinto – tem sido associado a vários benefícios à saúde. Isso inclui, por exemplo, a melhora da saúde cardiovascular, em virtude de suas propriedades antioxidantes e potenciais efeitos anti-inflamatórios.

É inegável que o prazer e o status social associados ao vinho influenciam a decisão de compra de muitos. Historicamente, ele foi visto como um símbolo de distinção. Contudo, essa imagem não precisa mais ser predominante: o vinho pode e deve ser parte integrante da refeição cotidiana, e não um item de luxo inatingível. Essa nova perspectiva nos convida a integrá-lo de forma mais natural em nossa rotina.

Então, por que esperar? Desmistifique o consumo. Celebre o fim de um dia de trabalho, a companhia de quem você ama, o prazer de uma boa refeição caseira. Permita que o vinho seja o toque especial que eleva o seu dia a dia, e não apenas um convidado raro em festividades grandiosas.


Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br

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