Quarta, 24 de dezembro de 2025, 06:28

Notas de Sabor

Brinde à Tradição e ao Sabor: O Vinho Perfeito para Suas Festas de Fim de Ano

As festas de fim de ano são um convite irrecusável a reencontros, a mesas fartas, cheias de aromas e, claro, a boas histórias. E nesse cenário de celebração, o vinho é um protagonista que eleva a experiência gastronômica, acolhe e harmoniza. Do Natal ao Réveillon, um brinde consciente pode transformar sua comemoração, garantindo que você harmonize com maestria, surpreenda seus convidados e desfrute cada gole com inteligência.

Para dar início a essa jornada de sabores, o planejamento é fundamental. Antes de escolher os rótulos, pense na atmosfera do seu evento. Se a ideia é um jantar intimista e gastronômico, vinhos mais complexos, com serviço em etapas e harmonizações pontuais para cada prato, serão ideais. Já para uma festa animada e descontraída, com muitos convidados, a pedida são espumantes, brancos e rosés refrescantes, além de tintos de médio corpo e versáteis. Se a celebração acontecer ao ar livre ou em clima quente, opte por brancos aromáticos, rosés secos, espumantes brut e tintos leves, que podem ser ligeiramente refrescados. Para um público variado, o ideal é um mix equilibrado entre brut, brancos, rosés e tintos, sem esquecer de incluir opções levemente adocicadas e sem álcool. Lembre-se sempre: a acidez do vinho é sua grande aliada à mesa, combinando de forma excepcional com a diversidade de sabores das festas.


Foto: ReproduçãoA Ceia de Natal, um desfile de tradições e sabores, exige atenção especial em cada etapa. Para as entradas, canapés e frios, a leveza e a efervescência são bem-vindas; um Espumante Brut é campeão, limpando o paladar e acompanhando queijos suaves, frutos do mar e canapés variados. Se a mesa contar com charcutaria ou salmão defumado, um Rosé Brut se mostra uma opção excelente. Para saladas com frutas, folhagens e vinagretes, os brancos leves e cítricos como Sauvignon Blanc, Vinho Verde ou Albariño trazem o frescor necessário.

Passando para os protagonistas da mesa, o Peru, Chester e outras aves assadas pedem tintos leves a médios, com taninos macios e boa acidez para não ofuscar a delicadeza da carne. Pense em um Pinot Noir, um Gamay ou um Merlot jovem. Para quem prefere vinhos brancos, um Chardonnay com leve passagem por madeira oferece a textura e o corpo necessários. Quando a ceia apresenta tender, lombo e pratos com molhos adocicados de mel, mostarda ou frutas, a chave é equilibrar o dulçor; brancos aromáticos e levemente adocicados, como Riesling off-dry ou Gewürztraminer, são escolhas excelentes. Rosés com boa fruta e frescor também são ótimas opções, enquanto um espumante Demi-Sec pode agradar aos paladares que apreciam uma suavidade extra.

O bacalhau, presença garantida em muitas mesas natalinas, exige atenção devido à sua versatilidade. Para receitas clássicas e mais untuosas, como Bacalhau à Gomes de Sá ou com natas, invista em brancos encorpados e estruturados. Se a versão for mais salgada e com bastante azeite, brancos minerais de acidez vibrante serão perfeitos. Caso a preferência seja por um tinto, escolha estilos com acidez alta e taninos moderados. Para suínos assados como pernil e leitão, e outras carnes de sabor intenso, tintos de médio corpo e fruta madura são ideais – Syrah, um Malbec mais fresco ou Tempranillo crianza são excelentes pedidas.

A celebração da virada do ano pede leveza, frescor e, é claro, muitas borbulhas. Os espumantes são os reis do Réveillon, mas saber escolhê-los faz toda a diferença. Espumantes de Método Tradicional (com segunda fermentação na garrafa) oferecem maior cremosidade e complexidade, enquanto os de Método Charmat (fermentação em tanque) apresentam um perfil mais jovial e fruta evidente. Para o brinde da virada, um espumante brut de boa acidez agrada a maioria e acompanha bem desde petiscos salgados a levemente adocicados. E quando o assunto são as sobremesas e docinhos, a regra é simples: o vinho deve ser igual ou mais doce do que a sobremesa para uma harmonização perfeita.

Por fim, o serviço perfeito é fundamental para valorizar cada rótulo. A temperatura é crucial: espumantes a 6–8 °C; brancos leves e rosés a 8–10 °C; brancos encorpados a 10–12 °C; tintos leves a 12–14 °C; tintos médios a 14–16 °C; e tintos encorpados a 16–18 °C.

Não se esqueça também de ter opções de vinhos de baixo teor alcoólico e sem álcool, servidos nas mesmas temperaturas e em taças bonitas, pensando na inclusão de todos. A taça ideal, aliás, não é um mero detalhe; seu design influencia diretamente a experiência de degustação, concentrando aromas, permitindo a oxigenação e direcionando o vinho ao paladar, realçando sensações.

Com estas dicas, suas festas de fim de ano serão não apenas deliciosas, mas harmoniosamente celebradas, elevando cada prato e cada brinde a um novo patamar de sabor.

Que seu Natal seja acolhedor, seu Réveillon vibrante. À nossa Saúde e boas festas!

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


A Saga do Salpicão: Entre Críticas Internacionais e o Coração da Ceia Brasileira

Todo Natal tem seus clássicos! Aqueles pratos que, mais do que receitas, carregam memória, afeto e identidade em cada garfada. E quando perguntei nos stories quais não podem faltar na ceia, a resposta foi praticamente unânime: É claro que estamos falando do famoso Salpicão! Essa tradicional salada de frango brasileira combina frango desfiado macio com vegetais crocantes, frutas adocicadas e uma maionese super cremosa. O resultado é um prato refrescante, perfeito para os dias quentes, que, com seu delicioso contraste de texturas e sabores, torna-se um sucesso garantido em qualquer reunião familiar. Um clássico indispensável, não é?

Amado por muitos e adaptado em cada lar, o salpicão ocupa um lugar peculiar na gastronomia brasileira. Ele não aspira ser sofisticado, autoral, tampouco segue uma cartilha técnica rígida. Contudo, talvez seja justamente por essa simplicidade que ele se torna tão simbólico: é um prato de união, de aproveitamento – ou mesmo reaproveitamento – inteligente, de mesa farta e de família grande.


Foto: Amandha SilveiraRecentemente, no entanto, o salpicão ganhou destaque fora do Brasil — e não pelos melhores motivos.

Durante o reality show culinário romeno “Chefi la Cuțite” (Chefs com Facas), a participante brasileira Suellen Carey apresentou o prato aos jurados. A reação foi de choque imediato. Antes mesmo de saber a autoria da receita, um dos chefs, o italiano Richard Abou Zaki, sentenciou que o prato só poderia ter sido feito por alguém que “não entende nada de cozinha”. Os jurados se recusaram a provar, demonstrando forte desagrado e surpresa diante da inusitada combinação de ingredientes.

A repercussão nas redes sociais brasileiras foi imediata. E ali, mais do que defender um prato, defendia-se algo maior: o direito à culinária afetiva, à comida que nasce da cultura e não da alta gastronomia.

O episódio escancarou uma diferença fundamental entre abordagens culinárias: nem toda comida precisa ser compreendida sob a lógica da técnica clássica europeia. O salpicão não busca equilíbrio ácido-gorduroso milimetricamente calculado, nem camadas complexas de sabor. Ele nasce do improviso, do que está disponível, da adaptação — traços marcantes e muito característicos da cozinha brasileira.

Na ceia de Natal, ele cumpre um papel inequívoco: refrescar, complementar e contrastar com as carnes mais pesadas. Seja com frango desfiado, legumes crocantes, maçã, uva-passa (a eterna polêmica!), batata palha ou versões mais contemporâneas, o salpicão persiste porque faz total sentido naquele contexto.

Talvez o equívoco não esteja no prato em si, mas na tentativa de analisá-lo fora de seu território cultural. A cozinha também é linguagem. E, como toda linguagem, exige repertório para ser verdadeiramente compreendida.

No fim, a enquete confirmou o que a mesa brasileira já sabe há décadas: o salpicão pode até dividir opiniões, mas dificilmente fica de fora da ceia. Porque Natal não é sobre impressionar jurados — é sobre compartilhar histórias, sabores e lembranças que só fazem sentido para quem está à mesa.

E isso, definitivamente, não cabe em uma prova de reality show.

Então, aproveitando o gancho e toda essa celebração à nossa culinária afetiva, trago agora a minha receita de salpicão, que é sucesso garantido em todo Natal! Já salva para não perder!

Salpicão de Frango Tradicional da Família (Receita Afetiva de Natal)
Essa receita é perfeita para refrescar a ceia e complementar as carnes mais robustas. É simples, deliciosa e cheia de memória afetiva!

Ingredientes:

•Para o frango:

1 peito de frango grande cozido e desfiado (cerca de 400g)
Cebola branca, ervas, sal e pimenta-do-reino a gosto
oFumaça líquida (opcional)

•Para o Salpicão:

120g cenoura ralada
100g de maçã verde ou vermelha pequena, cortada em palitos finos (opcional, mas eu adoro o toque agridoce!)
170g de milho verde escorrido
100 g de ervilha verde (prefiro usar ervilha congelada)
60 g de 30g de uvas-passas (30g de uvas-passas brancas e 30g de uvas-passas escuras, aqui a polêmica, mas na minha casa elas são bem-vindas!)
80g de azeitonas verdes picadas
20g de salsão (aipo) picado finamente (dá uma crocância incrível!)
50g de creme de leite UTH
300g de maionese de boa qualidade (ou mais, a gosto)
Salsinha e cebolinha picadas a gosto
40g de amêndoas laminadas tostadas (opcional)
20g de mostarda ancienne (ou mostarda amarela)
Suco de meio limão taiti
Raspas de limão
Batata palha para decorar e servir

Modo de Preparo:

1.Prepare o frango: Cozinhe o peito de frango bem temperadinho a gosto até ficar macio. Adicione fumaça líquida para trazer um toque defumado. Desfie e reserve.
2.Combine os ingredientes: Em uma tigela grande, coloque o frango desfiado já frio. Adicione a cenoura ralada, a maçã picada, o milho, a ervilha, as uvas-passas, as azeitonas, as amendoas e o salsão. Misture delicadamente.
3.Adicione os cremosos: Acrescente o creme de leite, a mostarda e a maionese à mistura. Mexa bem até todos os ingredientes estarem envolvidos e o salpicão ficar homogêneo e cremoso. Prove e ajuste o sal e a pimenta-do-reino, se necessário.
4.Finalize: Adicione o suco de limão, as raspas, a salsinha e a cebolinha picadas. Misture novamente.
5.Refrigere: Cubra a tigela com plástico filme e leve à geladeira por pelo menos 1 hora antes de servir. Isso permite que os sabores se incorporem e fique bem fresquinho.
6.Sirva: Na hora de servir, coloque o salpicão em uma travessa bonita e cubra generosamente com batata palha. Sirva imediatamente para que a batata palha mantenha sua crocância.



Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


Um Brinde de Ouro: Espumantes da Serra Gaúcha Brilham no Cenário Mundial!

Não é mais novidade que os espumantes brasileiros são de alta qualidade, mas a confirmação veio de forma estrondosa: em uma recente competição internacional, dois rótulos da Serra Gaúcha foram classificados entre os 10 Melhores Espumantes do Mundo! Este feito não apenas atesta a excelência da produção nacional, mas também solidifica o Brasil, de forma definitiva, no mapa da vitivinicultura premium global.

Os premiados internacionalmente foram Salton Ouro Moscatel, conhecido por seu aroma de frutas cítricas, frutas de polpa branca, além de sutis notas florais.. E o Amitié Moscatel Premium, com notas florais delicadas, elaborado pelo método Asti, com o menor teor de açúcar residual permitido por lei, proporcionando uma experiência mais equilibrada e harmoniosa.


Foto: Salton/DivulgaçãoMas qual o segredo por trás de tanta efervescência e qualidade? A resposta reside nas condições singulares do terroir da Serra Gaúcha um verdadeiro berço de ouro para as uvas. Regiões como Bento Gonçalves, Garibaldi e Pinto Bandeira são abençoadas por uma combinação mágica:

•Amplitude Térmica: A diferença marcante entre o calor do dia e o frescor da noite permite que as uvas amadureçam lentamente, desenvolvendo uma acidez equilibrada e vitalidade ímpar – a espinha dorsal de todo grande espumante.
•Altitude Moderada: Contribui para um clima ameno, perfeito para o cultivo das castas clássicas como Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico.

Unindo essas dádivas da natureza à expertise e inovação, os produtores brasileiros investem incessantemente em tecnologia e no talento de enólogos renomados, dominando tanto o tradicional Método Champenoise (ou Tradicional) quanto o ágil e frutado Método Charmat.

Foto: Amitié/DivulgaçãoA classificação em um concurso tão respeitado, onde a fineza do perlage (as bolhas), a complexidade aromática e o equilíbrio em boca são rigorosamente avaliados, demonstra que nossos espumantes estão no mesmo patamar de ícones como Champagnes, Cavas e Proseccos de elite.

Para nós, consumidores, isso se traduz em uma oportunidade de ouro: degustar um espumante de qualidade mundial, com toda a complexidade e frescor desejados, muitas vezes a um preço surpreendentemente mais acessível que seus equivalentes europeus. É a chance de brindar com excelência e um orgulho genuinamente nacional!

Então, ao planejar suas celebrações de final de ano, convide-se a explorar o universo dos espumantes da Serra Gaúcha. Permita-se surpreender pela complexidade e frescor que conquistaram paladares globais, e celebre com um rótulo que carrega a alma e a excelência do Brasil. Um brinde com autenticidade, inovação e o orgulho de um país que, sem dúvida, faz espumantes para o mundo.

Qual rótulo brasileiro você escolherá para celebrar?
À nossa Saúde!


Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


A técnica como base da criação na gastronomia regional

Muito se repete no universo da gastronomia que “a técnica liberta”. A frase, à primeira vista, pode soar incoerente, mas carrega uma verdade fundamental para quem cozinha, ensina ou aprende a cozinhar.

A técnica é o alicerce. É ela que organiza o pensamento, orienta decisões e confere segurança ao cozinheiro. Quando se compreendem o método, os padrões e a função de cada etapa, deixa-se de apenas reproduzir receitas para conquistar autonomia — o que possibilita adaptar, diversificar e criar com responsabilidade.

No Brasil, há inúmeros exemplos de produtos que se sustentam justamente pela aplicação precisa da técnica, ainda que profundamente ligados à tradição. O pão de queijo mineiro, por exemplo, exige conhecimento rigoroso do ponto da massa, da correta hidratação do polvilho e da relação entre queijo e gordura. Sem domínio técnico, o resultado varia drasticamente. O mesmo ocorre com a tapioca nordestina: simples na aparência, mas dependente do manejo adequado da goma para atingir textura, elasticidade e sabor.


Foto: Amandha SilveiraExistem, ainda, preparações que atravessaram gerações graças à repetição criteriosa do método. Pense no acarajé: a escolha do feijão-fradinho, o tempo de demolho, a retirada da casca, o ponto da massa e a temperatura do azeite de dendê não admitem improvisos sem comprometer o resultado. A tradição, nesse caso, é técnica aplicada com rigor e constância.

Costuma-se romantizar a ideia de que grandes produtos nasceram do erro. O discurso é sedutor, mas incompleto. Nem todo erro gera um acerto, e confiar apenas no acaso raramente conduz à excelência. O aprimoramento na gastronomia ocorre no processo contínuo de testar, avaliar, corrigir e refazer — sempre com a técnica como referência.

Na cozinha brasileira contemporânea, muitos chefs vêm ressignificando ingredientes regionais justamente por dominarem os fundamentos. A mandioca, o milho, o feijão, os peixes de água doce e as frutas nativas ganham novas leituras não por ruptura com a tradição, mas por profundo respeito aos seus princípios.

Valorizar a técnica não significa engessar a criatividade. Ao contrário: quanto mais sólida for a base, maior será a liberdade. Cozinhar bem não é confiar no improviso constante, mas compreender o método para transformar conhecimento em identidade e consistência em excelência.

Recentemente, em entrevista, o chef Laurent Suaudeau — referência na formação de cozinheiros no Brasil — trouxe uma reflexão importante sobre o tema. Ao ser indagado sobre o uso de ingredientes regionais no menu de um restaurante piauiense, destacou que não se compara às cozinheiras e aos cozinheiros locais, que conhecem profundamente seus produtos e trabalham com eles há gerações. Sua colocação reforça um ponto essencial: o saber tradicional é, por si só, uma forma de técnica consolidada pelo tempo.

Suaudeau também ressaltou que, a partir da aplicação consciente da técnica e do método, esses mesmos ingredientes podem ser trabalhados sob outra ótica, adquirindo nova identidade.

Não se trata, portanto, de substituir a cozinha regional, mas de reinterpretá-la, respeitando sua essência e ampliando suas possibilidades expressivas. É nesse equilíbrio que a gastronomia evolui. A técnica não existe para apagar a identidade de um ingrediente ou de um território, mas para oferecer ferramentas que permitam leitura, adaptação e transformação com coerência.

Links:

https://www.instagram.com/reel/DSFXiRFEd4x/?igsh=MXh0azA4bTJyaGgwbw==

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Por Amandha Silveira
Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
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Entre o botão e a sensibilidade: a nova inteligência da cozinha

Em um cenário onde a gastronomia se moderniza em ritmo acelerado, as cozinhas profissionais tornaram-se verdadeiros centros de alta performance. Equipamentos de última geração, sistemas digitais e automações transformam o modo de cozinhar e gerir um restaurante.

Em artigos anteriores da coluna, abordamos que a qualificação profissional na gastronomia não se resume à técnica pura, mas à formação que integra teoria, prática, gestão e sensibilidade.  O setor de alimentação fora do lar expande, e cresce também o imperativo de ter profissionais bem preparados para atender a esse novo patamar de exigência.  Agora, essa qualificação se cruza com a tecnologia — não para substituí-la, mas para potencializá-la.

Ter a habilidade de operar máquinas inteligentes ou gerir sistemas automatizados é, sem dúvida, parte do repertório atual. Contudo, a essência da boa cozinha passa pela inteligência situacional: o forno que falha em plena noite de casa cheia, o sistema de exaustão que decide dar pane no meio do serviço, o prato que exige decisão imediata fora da ficha técnica. É nesses momentos que se revela quem realmente está preparado.


Foto: Internet/Feepink

As publicações anteriores da coluna também lembram que a tecnologia — seja por meio de equipamentos, softwares, automações ou inteligência de dados — é uma aliada, mas não pode descaracterizar o “toque humano”. Como ressaltado pelo chef Laurent Suaudeau em entrevista recente que o sucesso de um restaurante depende do trabalho coletivo e da sensibilidade da equipe. Logo, a automação que busca eficiência, atendimento personalizado e experiência digital exige infraestrutura, capacitação contínua e, sobretudo, permanece dependente de quem está por trás dela. Na prática, isso significa que um chef ou gestor deve saber:

Interpretar dados de consumo e adaptar o cardápio;

Agir rapidamente quando a máquina trava;

Garantir a manutenção preventiva de equipamentos;

Manter a equipe focada, mesmo diante de imprevistos;

Preservar a essência do ofício — o sabor, a emoção, a cultura.

E isso nos leva a uma reflexão sobre a interseção entre qualificação profissional e tecnologia: a formação de um cozinheiro ou gestor moderno exige dominar o método, conhecer bem os ingredientes, compreender o negócio, mas também cultivar o olhar atento e o espírito resolutivo. Conforme destacado anteriormente, “a qualificação profissional na gastronomia exige uma combinação de formação técnica, experiência prática, criatividade e adaptabilidade.”  Esta combinação agora inclui a capacidade de administrar a tecnologia sem depender exclusivamente dela.

Por isso, numa cozinha contemporânea, quando se fala em qualificação profissional, é preciso ampliar o conceito. Não basta treinar a operação dos equipamentos — é fundamental entender o porquê de cada ação, o impacto das decisões no resultado final e a importância das manutenções preventivas. Um forno inteligente não resolve um serviço mal planejado, assim como uma ficha técnica impecável não substitui o trabalho de equipe. A tecnologia é ferramenta, amplia o alcance, mas não elimina o imprevisto — e aí o elemento humano entra em cena. A equipe, a liderança, a comunicação, a cultura organizacional — todos se tornam peças fundamentais.

O chef Laurent Suaudeau bem observa que um restaurante vende serviço, e que apesar da tecnologia, na gastronomia, o fazer humano ainda é importante. Logo, cozinhar ainda é e será sempre um ato profundamente humano. A cozinha contemporânea exige profissionais com raciocínio crítico, capazes de operar máquinas sofisticadas e, ao mesmo tempo, de manter vivo o gesto artesanal que sustenta a gastronomia desde suas origens.

Por trás de cada comando digital e cada equipamento sofisticado, permanece o mesmo propósito: satisfazer, emocionar e comunicar por meio do sabor. A tecnologia ajuda a contar essa história, mas quem realmente a vive e compartilha é o profissional com visão, técnica e alma.

Links:

https://bandpiaui.com.br/blogs/notas-de-sabor/qualificacao-profissional-na-gastronomia-desafios-e-oportunidades-9449.html

https://bandpiaui.com.br/blogs/notas-de-sabor

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
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Como a Beleza do Prato Desperta Desejo, Valor e Experiência

“Antes de provar, o cliente vê.”

É nesse instante — no encontro imediato entre olhar e alimento — que a experiência gastronômica começa a ser construída.

A valorização estética dos alimentos deixou de ser um detalhe secundário e tornou-se um pilar fundamental da gastronomia contemporânea. Cores, texturas, composição e iluminação não apenas encantam: comunicam. Cada prato apresenta uma narrativa, e a forma como essa história é visualmente contada influencia diretamente o desejo, a expectativa e o valor percebido pelo cliente.

Quando um prato é bem apresentado, o cérebro reage antes do paladar. A neurogastronomia mostra que o visual ativa memórias, gatilhos emocionais e áreas de recompensa — preparando o degustador para uma experiência mais prazerosa. Assim, a beleza não é apenas ornamental: ela potencializa o sabor, reforça o cuidado e eleva a percepção de qualidade. Em outras palavras, comer também é um ato emocional — e a estética é o primeiro gatilho.


Foto: Amandha SilveiraEssa construção visual pode transformar o simples em extraordinário. Um ingrediente cotidiano, quando disposto com cuidado e intenção, ganha protagonismo, sofisticação e nova identidade. O mesmo vale para o serviço de vinhos: taças adequadas, gestos precisos e harmonia na apresentação criam um ambiente que valoriza cada detalhe.

Foi essa perspectiva que o fotógrafo Eduardo Krajan destacou em sua palestra “Fotografia Gastronômica: a Arte de Comer com os Olhos”, ministrada no Senac Piauí. Krajan trouxe reflexões sobre a fotografia como uma ferramenta essencial para profissionais e empreendimentos do setor.

“Uma boa foto não registra apenas um prato — ela evidencia o valor percebido do produto.” — Eduardo Krajan

A fotografia gastronômica, quando bem executada, desperta desejo imediato, valoriza ingredientes, reforça a identidade visual de marcas e influencia diretamente decisões de compra. Nas redes sociais, ela funciona como vitrine; nos cardápios, como guia sensorial. Uma imagem precisa e bem iluminada pode transformar curiosidade em receita e visualização em cliente.

Hoje, a experiência gastronômica se estende além do prato. Ela começa na tela do celular, passa pelo ambiente, pelo serviço e chega ao paladar. A estética se torna, então, parte da jornada do cliente — uma linguagem que transmite cuidado, profissionalismo e intenção.

Quando o prato chega à mesa com harmonia, o cliente percebe que existe ali um gesto de acolhimento. E isso transforma não só o sabor, mas a memória do momento.

A valorização estética do alimento não é vaidade — é estratégia.
É apresentação, narrativa, identidade e emoção.

Ao unir técnica culinária, sensibilidade visual e fotografia profissional, a gastronomia ganha novos caminhos para conquistar, fidelizar e se posicionar com força no mercado.
Porque, no fim, a experiência começa bem antes da primeira mordida — e uma imagem pode ser o início de tudo.


Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
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Laurent Suaudeau: o sabor como linguagem e a técnica como ponte entre culturas

Em sua passagem por Teresina para a inauguração do novo bistrô com cardápio assinado por ele, o chef Laurent Suaudeau trouxe muito mais do que receitas — trouxe reflexão. Entre risos, memórias e histórias de cozinha, compartilhou sua visão sobre o papel do cozinheiro, a importância da técnica e o desafio de traduzir culturas por meio do sabor.

A vinda ao Piauí, segundo ele, foi um convite que o instigou desde o início. “Achei o conceito muito interessante: um espaço de convivência onde as pessoas possam beber, comer e apreciar — uma concentração do savoir-vivre, do saber viver bem”, explicou. Suaudeau destacou que cada região do Brasil tem sua própria forma de se relacionar com a comida, e compreender essa diversidade é essencial para que o trabalho de um chef faça sentido. “O que funciona em São Paulo pode não funcionar em Teresina.” 

Por isso, ele reforça que é preciso respeitar o comportamento local e adaptar o trabalho à cultura de quem vai recebê-lo. Ao falar sobre o processo criativo do novo cardápio, Laurent foi direto: “Eu não sou apenas um cozinheiro da cozinha francesa”. O que traz da França, diz ele, é o método, a disciplina e a reflexão. A escola francesa o ensinou o processo, não uma identidade imutável. É com esse olhar que vem construindo, há mais de quatro décadas, uma ponte sólida entre a técnica francesa e os ingredientes brasileiros.


Foto: Amandha Silveira No cardápio criado especialmente para o Piauí, Suaudeau priorizou produtos como carneiro, carne de sol e maxixe — ingredientes que, segundo ele, expressam a alma da culinária local. Mas faz questão de destacar que sua intenção não é competir com a cozinha regional. “Jamais vou cozinhar um capote melhor do que as cozinheiras piauienses”, admite com humildade. “Mas posso trabalhar com a galinha-d’angola aplicando técnica, sem assustar o cliente, valorizando o sabor e a identidade local.” Para ele, cozinhar é comunicar — e essa comunicação deve ser feita com sensibilidade: “O cliente precisa entender o que está no prato.”

Durante a conversa, o chef compartilhou um exemplo curioso sobre o processo de criação e adaptação cultural: um dos pratos originalmente batizado de Peposo — um ensopado toscano muito semelhante ao Bourguignon — só ganhou aceitação imediata quando recebeu o nome francês. “As pessoas já tinham referência, conheciam o Bourguignon.” Às vezes, não é a receita que muda, é a forma de comunicar. É preciso oferecer algo com o qual o cliente tenha conexão. Para ele, cozinhar é, acima de tudo, comunicar — e essa comunicação deve ser feita com sensibilidade.

A conversa, porém, foi além da técnica. Falamos sobre profissionalização, gestão e valorização da categoria. Com a serenidade de quem formou gerações de chefs, Suaudeau lembra que o sucesso de um restaurante não depende apenas de um nome famoso, mas do trabalho coletivo e da sensibilidade da equipe. “Não é a assinatura do chef que faz sucesso, é o trabalho do dia a dia. Um restaurante vende serviço.”

Em um dos momentos mais emocionantes da entrevista, ele refletiu sobre o papel do cozinheiro como transformador. “Nós somos transformadores do que a natureza nos oferece. É poético, mas é duro. Tem de se dedicar — corpo e alma. Porque, acima de tudo, levamos felicidade aos outros. Nem todos os ramos [de trabalho] têm isso. Mas é uma profissão rigorosa, com regras, disciplina e exigência física. Ainda assim, nesse mundo conturbado em que vivemos, se existe uma mensagem de paz, certamente ela está envolta da mesa.”

Sua mensagem aos jovens cozinheiros é um lembrete poderoso: humildade, disciplina e respeito sustentam qualquer grande cozinha. Ele acredita que, mesmo em um tempo em que a tecnologia avança sobre todas as áreas, a gastronomia continuará sendo um território profundamente humano. 

Ao final, o chef deixou uma reflexão sobre o futuro da profissão no Brasil: a urgência de fortalecer a representação entre chefs e cozinheiros. Destacando que ego individual ainda é um obstáculo. Falta uma representação de classe mais forte, colaborativa, que una os profissionais em torno de um mesmo propósito.

Em Teresina, Laurent Suaudeau mais uma vez mostrou por que é considerado um dos pilares da gastronomia mundial. Sua presença, suas palavras e seu olhar generoso deixam uma mensagem clara: cozinhar é, antes de tudo, um ato de escuta, respeito e amor pelo outro.


Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
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Como a tecnologia está mudando as experiências gastronômicas

Nos últimos anos, a forma como comemos e experimentamos a comida mudou muito. Não é mais só sobre bons ingredientes, técnicas de preparo e um bom atendimento. Hoje, a tecnologia – com equipamentos, programas de computador e informações – está reinventando como os restaurantes servem e oferecem seus serviços.

Tecnologias como cozinhas automatizadas, robôs, cardápios digitais e inteligência artificial já ajudaram a organizar melhor o trabalho, a reduzir o desperdício e a simplificar tarefas que antes exigiam muito esforço manual. Para quem é do ramo: essa não é uma projeção futurista, mas uma realidade imperativa para alcançar maior eficiência, segurança operacional e a manutenção da qualidade gastronômica.

Nos restaurantes, a automação está em todo lugar: desde equipamentos inteligentes que controlam a temperatura e o tempo de cozimento sozinhos, até os cardápios digitais (que você acessa pelo celular com um QR code ou em tablets) que estão ligados a sistemas que facilitam a atualização de pratos, exibem fotografias, descrições detalhadas e informações sobre alérgenos, ajudando o cliente a escolher com mais segurança.


Foto: Imagem da InternetA inteligência artificial usa o histórico de pedidos para dar sugestões personalizadas, gerenciar o estoque de forma mais inteligente e criar promoções individualizadas. Para a gestão, isso se traduz em uma capacidade superior de previsão de vendas, redução de perdas e um potencial aumento no ticket médio por cliente, quando implementada de forma eficaz.

A análise de dados, que compreende padrões de consumo dos clientes, períodos de pico e a performance individual de cada item do menu, fornece uma base sólida para a tomada de decisões estratégicas. Isso apoia a seleção de pratos sazonais, o dimensionamento da equipe e a formulação de ofertas complementares. Contudo, a efetividade dessa integração exige uma infraestrutura de TI robusta, capacitação adequada dos colaboradores e regras bem definidas para proteger a privacidade dos dados dos clientes.

No ambiente doméstico, a tecnologia também transforma a vida de quem cozinha e de quem só quer comer bem. Existem aplicativos que sugerem receitas com os ingredientes disponíveis, assistentes de voz que guiam passo a passo de preparos culinários; plataformas de delivery que possibilitam o acompanhamento em tempo real do pedido, diminuindo a ansiedade de quem espera, além de eletrodomésticos inteligentes e sensores na cozinha permitem monitorar tudo de longe e programar receitas, o que facilita reproduzir pratos com sucesso e torna a cozinha mais segura.

Apesar de todas as vantagens – como mais eficiência, atendimento personalizado e novas formas comercialização – ainda há desafios. Entre eles, destacam-se os custos elevados de implementação tecnológica, a demanda por capacitação contínua da equipe, o perigo de descaracterizar o "toque humano" inerente à hospitalidade, e as complexas questões relativas à privacidade dos dados.

A recomendação técnica é clara: a implementação dessas soluções, requer a mensuração contínua dos resultados, de forma a priorizar as soluções que genuinamente melhorem a experiência do cliente, sempre priorizando a essência da hospitalidade. A tecnologia deve ser uma ferramenta que valoriza o talento dos chefs e a relação com o cliente, sem substituí-los. Para quem trabalha no setor, a pergunta não é mais 'se' devemos adotar a tecnologia, mas 'como' fazer isso de forma inteligente, duradoura e que combine com a essência de cada estabelecimento.

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


Brilho na confeitaria: Acende o alerta e pede mais atenção ao que comemos

A confeitaria moderna é um universo de cores, texturas e, muitas vezes, muito brilho! Glitters e pós decorativos transformam bolos e doces em verdadeiras obras de arte, mas um alerta recente nos convida a olhar para esse esplendor com maior cautela. Afinal, nem tudo que reluz pode ser ingerido.

A polêmica recente explodiu com a denúncia do influenciador Dario Centurione, do Almanaque SOS (Instagram e TikTok). Ele revelou que glitters comercializados como "comestíveis" eram, na verdade, polipropileno (PP) micronizado — um tipo de plástico. A revelação gerou forte reação do público e de especialistas em segurança alimentar.

Mas o que está por trás do alerta? O polipropileno é um plástico amplamente utilizado em embalagens e utensílios, reconhecido por sua resistência e flexibilidade. No entanto, apesar de ser considerado atóxico, sua ingestão não é segura para a saúde humana. O consumo dessas partículas plásticas pode acarretar irritações no trato digestivo e contribui para o acúmulo de microplásticos no organismo. Os efeitos a longo prazo dessa acumulação ainda estão em estudo, mas a comunidade científica já sinaliza potenciais riscos à saúde.


Foto: Site terra De acordo com as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), todos os itens destinados a colorir ou decorar produtos comestíveis, como bolos e doces, devem ser compostos por ingredientes e aditivos alimentares aprovados. Isso se aplica a corantes e outros elementos que alteram a cor, textura ou sabor, os quais precisam ter a autorização da Anvisa para uso em alimentos.

Em razão disso, qualquer tipo de pó decorativo que contenha "PP micronizado" (polipropileno micronizado) é proibido para aplicação em produtos de confeitaria ou na ornamentação de alimentos. Esses materiais são estritamente permitidos apenas para finalidades decorativas não comestíveis, como em elementos de cenários para eventos e festas.

É fundamental que os produtos que trazem tanto encanto visual sejam, acima de tudo, seguros para quem os consome. A beleza de um doce não deve comprometer o bem-estar de ninguém.

Com a variedade de produtos no mercado, a distinção entre o que pode e o que não pode ser ingerido se torna um desafio. A Anvisa, no entanto, reforça que a chave está na informação e na conscientização. Para garantir a segurança alimentar, tanto confeiteiros quanto consumidores devem estar extremamente atentos aos rótulos dos produtos:

•Lista de Ingredientes: Verifique cuidadosamente se todos os componentes listados são autorizados para uso em alimentos. Procure por ingredientes como açúcar, amido e corantes alimentícios aprovados.
•Denominação de Venda: Fique atento à descrição do produto. Termos como "corante artificial para fins alimentícios" ou "açúcar para confeitar" indicam que o produto é seguro para ingestão.
•Informações Adicionais: Não ignore o lote, a data de validade e as declarações sobre a presença ou ausência de glúten e alergênicos. Essas informações são cruciais para a segurança alimentar.

É comum que lojas especializadas comercializem, no mesmo local, pós decorativos não comestíveis e produtos adequados para consumo. Por isso, a leitura atenta do rótulo é a sua principal ferramenta para evitar enganos.

Conclusão: Brilho Seguro é Brilho Consciente

A busca por apresentações atraentes na confeitaria não pode, de forma alguma, comprometer a segurança alimentar. Esta é uma responsabilidade compartilhada:

•Fabricantes: Têm o dever de produzir e rotular seus produtos de forma clara e em conformidade com as regulamentações.
•Confeiteiros: Precisam utilizar apenas ingredientes seguros e aprovados para consumo humano.
•Consumidores: Devem estar vigilantes, ler os rótulos e, em caso de dúvida, questionar.

Caso identifique produtos alimentícios que contenham ingredientes não autorizados para consumo humano, você pode e deve fazer uma denúncia à Vigilância Sanitária local ou diretamente à Anvisa. Para que a denúncia seja eficaz, forneça o máximo de informações possíveis, incluindo imagens claras do rótulo completo do produto.

Diante desse cenário e da crescente busca por opções seguras e criativas, muitos perfis em redes sociais têm popularizado receitas de glitter comestível caseiro. Essas alternativas, que frequentemente utilizam ingredientes simples e seguros como a gelatina incolor, água e corantes alimentícios, desidratados e triturados, não apenas garantem a segurança dos alimentos, mas também oferecem uma forma artesanal e personalizada de adicionar brilho sem preocupações. Optar por essas soluções caseiras ou por produtos devidamente certificados é um passo importante para que a beleza na confeitaria caminhe sempre de mãos dadas com a saúde e o bem-estar.

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


França em cada garfada: o charme do Filé Mignon ao Molho de Mostarda

Vamos a mais um artigo da nossa série “Viagem Gastronômica”, em que cada receita é um convite para explorar sabores, culturas e histórias sem precisar sair da casa. Depois da delicada tarte tatin, seguimos nessa jornada com outro clássico francês: o filé mignon ao molho de mostarda — um prato que une técnica e simplicidade, refinamento e conforto.

Há preparos que não precisam de apresentações grandiosas — bastam poucos ingredientes, um toque de técnica e uma boa dose de sensibilidade. O filé mignon ao molho de mostarda é um desses clássicos que traduzem a alma da cozinha francesa: elegante sem ser pretensioso, intenso sem perder a delicadeza.

A preparação inicia-se com a selagem da carne em frigideira pré-aquecida. É fundamental manter controle sobre o tempo e a temperatura para garantir uma selagem uniforme, preservando a suculência interna e concentrando o sabor do filé. 


Foto: Amandha Silveira No fundo da frigideira, o que fica não se descarta: é o ouro da receita, a essência que dará vida ao molho. Aquele fundo levemente caramelizado, é a base perfeita. É ali que entra o toque francês: uma colher generosa de mostarda de Dijon, misturada ao creme de leite fresco, que confere corpo e textura aveludada. As notas aromáticas de tomilho e alecrim perfumam o molho, criando um equilíbrio entre a cremosidade e a acidez sutil da mostarda. Um breve instante de fervura, e obtém-se um molho de consistência sedosa, brilhante e homogênea.

Servido sobre o filé, o molho se espalha  e cada garfada é uma combinação perfeita: a maciez da carne, o frescor das ervas e o toque levemente ácido e picante da mostarda. Como guarnição, cogumelos salteados oferecem um perfil terroso e elegante, enquanto batatas coradas adicionam contraste de textura e conforto ao prato.

Um vinho tinto leve, como um Pinot Noir, é a companhia ideal — realça o sabor da carne sem roubar a cena. E, de repente, o jantar ganha sotaque francês: simples, refinado e inesquecível.

Cozinhar é também viajar — é saborear o mundo e descobrir culturas e histórias. Cada receita é um passaporte para novas experiências à mesa. Então já aproveita, vou deixar receita dessa delícia e no Instagram @amandhassilveira tem o modo de preparo detalhado.


Filé Mignon com Molho de Mostarda

Ingredientes

Para o filé:

•2 medalhões de filé mignon

•Azeite extravirgem

•Pimenta-preta moída na hora

•Sal

•1 colher (sopa) de manteiga

•Ramos de alecrim e tomilho fresco

•3 dentes de alho inteiros

Para o acompanhamento:

•Batatas inglesas (bolinhas ou cortadas em pedaços uniformes)

•Cogumelos frescos fatiados (opcional)

•1 colher (sopa) de manteiga

•Azeite extravirgem

•Sal e pimenta a gosto

Para o molho:

•3 colheres (sopa) de creme de leite fresco

•1 colher (sopa) de mostarda de Dijon

•Ramos de alecrim e tomilho fresco (se desejar, repetir para reforçar o aroma)

•Sal (se necessário)


Link com o preparo detalhado: https://www.instagram.com/reel/DLFyGBGMajB/?igsh=MWp6M2FuMnR5MG00eA==

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia

Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br



Alerta Alimentar: Riscos Ocultos e Segurança em Xeque

Na gastronomia, costumamos falar de aromas, sabores e experiências, mas existe um aspecto invisível que deveria ser inegociável: a segurança alimentar. Sem ela, qualquer prato ou bebida pode se transformar em ameaça. Os últimos dias trouxeram exemplos preocupantes, que mostram como esse tema ainda é frágil. 

Em São Paulo, bebidas alcoólicas adulteradas com metanol resultaram em casos de intoxicação e até mortes confirmadas. Em outros episódios, queijos contaminados por Listeria monocytogenes chegaram ao mercado, e lotes de café precisaram ser recolhidos após a presença de fragmentos de vidro ser detectada. Cada caso, por mais distinto que pareça, evidencia a mesma realidade: a confiança do consumidor depende de controles rígidos que, quando falham, expõem a população a riscos graves.


Foto: DivulgaçãoO metanol, usado ilegalmente em destilados para baratear custos, é um veneno capaz de causar da cegueira irreversível à morte. A Listeria, por sua vez, cresce mesmo em temperaturas de geladeira e pode ser fatal para gestantes, idosos e pessoas imunocomprometidas. Já as contaminações físicas, como vidro em embalagens, representam perigo imediato de lesões e intoxicações. O que une esses incidentes é a vulnerabilidade da cadeia produtiva e a dificuldade de conter práticas clandestinas e falhas de fiscalização.

É verdade que o consumidor pode adotar medidas preventivas, como verificar a integridade das embalagens, desconfiar de preços muito baixos, exigir nota fiscal e denunciar produtos suspeitos às autoridades competentes. Mas a maior responsabilidade não recai sobre quem compra, e sim sobre quem produz e comercializa. Empresas do setor de alimentos e bebidas têm o dever de assegurar a rastreabilidade dos fornecedores, realizar análises laboratoriais frequentes e manter rigor nos processos de armazenamento e manipulação. Ignorar esse compromisso não compromete apenas a reputação de uma marca, mas a própria saúde de milhares de pessoas, além de gerar recalls, perdas financeiras e responsabilização judicial.

Foto: DivulgaçãoNesse cenário, o papel dos órgãos reguladores é crucial. ANVISA, MAPA, Ministério da Saúde e Procons estaduais estabelecem normas, conduzem fiscalizações e emitem alertas à sociedade. No entanto, a recorrência de casos mostra limitações estruturais, desde a escassez de recursos até a dificuldade em enfrentar produtores ilegais. A integração entre as agências, o compartilhamento rápido de informações e a aplicação de penalidades exemplares são caminhos urgentes para impedir que situações semelhantes se repitam.

Mais do que um tema técnico, a segurança alimentar é uma questão ética e social. Garantir alimento seguro é compromisso coletivo. Os episódios recentes evidenciam que a segurança alimentar não depende de um único elo, mas da cooperação entre consumidores atentos, empresas responsáveis e reguladores eficientes.

Ao fortalecer a fiscalização, garantir transparência na cadeia de suprimentos e conscientizar o público, é possível reduzir riscos de adulteração e contaminação, protegendo vidas e preservando a confiança no setor alimentício.


Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia

Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


Tarte Tatin: A doçura francesa em uma virada inesperada

Nossa primeira parada nessa viagem gastronômica é a França, berço de clássicos que atravessaram fronteiras e se tornaram ícones universais da boa mesa. Entre eles, um doce que nasceu de um acaso feliz e se transformou em símbolo de delicadeza e ousadia: a Tarte Tatin.

Reza a lenda que essa torta de maçãs caramelizadas surgiu no final do século XIX, no Hôtel Tatin, administrado pelas irmãs Stéphanie e Caroline Tatin, no Vale do Loire. A história desse clássico francês é a de um erro que deu certo, e ela existe em duas versões. A primeira conta que Stéphanie Tatin esqueceu de colocar a massa no fundo da forma antes das maçãs. A outra, que ela se distraiu e deixou as frutas cozinhando por tempo demais no caramelo. Qualquer que tenha sido o descuido, a solução foi a mesma: cobrir as maçãs com a massa, levar ao forno e assar a torta invertida. O resultado?  Ao virá-la no prato, nasceu uma lenda da confeitaria, uma sobremesa dourada, perfumada e irresistível, que rapidamente conquistou viajantes, mais tarde, o mundo inteiro.


Foto: Amandha Silveira

A Tarte Tatin é um exemplo perfeito daquilo que a cozinha francesa sabe fazer melhor: transformar simplicidade em sofisticação. Seu charme está justamente na inversão — a massa crocante servindo de base e as maçãs macias e caramelizadas brilhando no topo. E é aí que reside o delicioso desafio: virar a torta com perfeição depois de assada!

O melhor de tudo? Você não precisa ser um pâtissier para trazer essa magia para a sua casa. Eu te conto tudinho. Vamos à receita! 

Foto: Amandha SilveiraReceita de Tarte Tatin

Ingredientes

Para a cobertura:

6 maçãs firmes (como Fuji ou Gala)

120 g de manteiga sem sal

150 g de açúcar

1 colher (chá) de suco de limão


Para a massa brisee:

300 g Farinha de trigo sem fermento

150g de manteiga bem gelada

1 colher de café rasa de sal

75 ml de Água gelada

Ou, se preferir:

1 massa folhada pronta (ou pâte brisée, se preferir)


Modo de preparo

Vamos começar pela massa!

Misturar a farinha e o sal. Adicionar a manteiga gelada, cortada em cubos. Misturar à farinha de trigo, pressionando, como se fossem pequenos beliscões, de forma que não derreta toda a manteiga. Quando obter uma farofa de textura granulada, adicionar a água aos poucos, para unir a massa e compactá-la, sem sovar. Achatar em um disco, embalar e levar para a geladeira por pelo menos 30 minutos. 

Após descansar, abrir a massa, entre dois plásticos, até obter um disco de cerca de 3mm de espessura, suficiente para cobrir a forma/refratário da preparação.

Para a cobertura, descasque, corte ao meio e retire as sementes das maçãs. E depois corte cada metade em duas partes. Reserve.

Em uma frigideira ou forma própria para forno que possa ir ao fogo direto, derreta o açúcar e adicione a manteiga. Acrescente o suco de limão para equilibrar o doce. Cozinhe em fogo médio.

Disponha as maçãs no caramelo, com o lado cortado para cima. Deixe cozinhar por cerca de 10 minutos para que absorvam o sabor.

Retire do fogo e cubra delicadamente as maçãs com a massa brisee ou a massa folhada, dobrando as bordas para dentro da frigideira.

Leve ao forno preaquecido a 200 °C por aproximadamente 25 a 30 minutos, ou até a massa ficar dourada e crocante.

Retire do forno, aguarde 5 minutos e, com cuidado, vire a torta ainda quente sobre um prato de servir.

Sirva imediatamente, acompanhada de uma generosa colherada de crème fraîche, creme inglês ou sorvete de baunilha para equilibrar a doçura.

Na sua mesa, a Tarte Tatin!!

Uma sobremesa que é uma história contada em camadas: a tradição francesa, a magia do improviso e a celebração do prazer em compartilhar. Bon appétit!

Para uma dose extra de inspiração (e desejo!), imagine o aroma e veja o brilho do caramelo assistindo ao vídeo completo no Instagram: https://www.instagram.com/reel/DLqNFJWpVEt/?igsh=eDNidnJ3enB3b241


Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia

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Viagem Gastronômica: Saboreie o Mundo Sem Sair de Casa

Feche os olhos e imagine: o aroma de especiarias — açafrão, cominho, cardamomo — preenchendo o ar, o som suave de um vinho sendo derramado em uma taça de cristal, o calor de um prato recém-preparado entre suas mãos. Quem disse que você precisa atravessar oceanos para experimentar as maravilhas culinárias do mundo? Prepare-se para uma viagem gastronômica que transformará sua casa em um destino global de sabores inesquecíveis.

Na correria do dia a dia ou quando as grandes viagens se tornam dispendiosas economicamente, a cozinha se revela como nosso mais potente portal para a descoberta. Não há necessidade de malas ou passagens aéreas; basta um pouco de curiosidade, alguns ingredientes frescos e a disposição para embarcar em uma aventura culinária sem sair do conforto do seu lar. Longe de ser um privilégio reservado a chefs renomados, a gastronomia internacional não é um bicho de sete cabeças. E é uma celebração vibrante de culturas, histórias e paladares, e está muito mais acessível do que se imagina.


Foto: Amandha SilveiraQuantas vezes você já sonhou em se render à elegância da culinária francesa, sentir o abraço reconfortante de uma torta inglesa ou mergulhar nos sabores profundos da Itália? Pois saiba que esse sonho gastronômico está mais perto do que você imagina. Esses pratos icônicos podem, sim, ser replicados com sucesso em sua própria cozinha. A globalização trouxe o mundo para a nossa despensa: ingredientes que antes eram considerados exóticos hoje podem ser encontrados em supermercados locais ou lojas especializadas. É o convite perfeito para ampliar seus horizontes na cozinha, desafiar-se e presentear quem você ama com sabores que narram histórias de lugares distantes.

Cada tempero, cada técnica e cada combinação de sabores trazem consigo a essência de um povo e de sua tradição. É uma forma deliciosa de aprender sobre o mundo, despertar seus sentidos para novas experiências e, quem sabe, descobrir um novo prato favorito que o fará viajar sem sair da cadeira. Uma verdadeira imersão cultural!

Então, que tal transformar sua cozinha no seu próximo destino internacional? Nos próximos artigos desta coluna, desvendaremos os segredos de receitas descomplicadas que revelam a verdadeira identidade gastronômica de vários lugares no mundo. Prepare-se para um guia prático de pratos fáceis, deliciosos e autênticos, que você poderá replicar com maestria e saborear a cada garfada uma pequena parte do nosso vasto e saboroso planeta. Se prepare , que a sua aventura culinária global logo vai começar!

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia

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O que o brinde, o guardanapo e os talheres revelam sobre nós: Rituais á mesa

Você já se perguntou por que brindamos antes de beber, ou por que posicionamos cuidadosamente o garfo à esquerda e a faca à direita? Esses gestos cotidianos, que muitos repetem quase automaticamente, são rituais que carregam séculos de história, simbolismo e transformação. À mesa, nada é por acaso — cada detalhe reflete a forma como a humanidade moldou sua relação com a comida, com o outro e consigo mesma.

Na Europa medieval, comer com as mãos era não apenas comum, mas amplamente aceito — um hábito arraigado, até mesmo entre a nobreza. O uso de talheres, especialmente do garfo, era raro e muitas vezes visto com maus olhos. Curiosamente, o garfo despertava desconfiança por sua forma semelhante à de um tridente, o que o tornava, aos olhos de muitos, um objeto impróprio, quase profano, em desacordo com os valores cristãos que moldavam a cultura da época. Considerado uma excentricidade de origem oriental, ele levou séculos para ser aceito à mesa europeia.


Foto: Amandha SilveiraFoi somente durante o Renascimento, com a influência das cortes italianas e sua busca por elegância e refinamento, que o garfo começou a ganhar prestígio. Catarina de Médici teve papel importante nesse processo: ao se casar com o futuro rei da França, Henrique II, levou consigo os hábitos da corte florentina — entre eles, o uso do garfo. A partir de então, o utensílio passou a ser gradualmente associado à sofisticação, à higiene e à civilidade, marcando uma mudança duradoura nos costumes à mesa.

O guardanapo, hoje sinônimo de boas maneiras, também tem uma origem prática: limpar as mãos e o rosto durante a refeição. No entanto, ele rapidamente foi incorporado ao código de etiqueta como um sinal de hospitalidade. A forma como o colocamos no colo, o jeito de dobrá-lo ao final da refeição — tudo comunica. Mesmo um gesto tão simples pode transmitir respeito, acolhimento ou descuido.

Já o brinde, presente em mesas do mundo inteiro, surgiu de uma necessidade mais defensiva do que festiva. Na Antiguidade e na Idade Média, bater as taças com força — a ponto de fazer o líquido de uma saltar para a outra — era uma demonstração de confiança - uma forma de garantir que a bebida não estava envenenada. O gesto, com o tempo, perdeu seu sentido literal, mas manteve seu simbolismo. Hoje, brindar é desejar saúde, sorte, prosperidade — é partilhar um instante de conexão antes do primeiro gole.

Foto: Amandha Silveira Esses rituais à mesa não são meras formalidades sociais. São códigos que refletem valores culturais, crenças religiosas, transformações políticas e até disputas de poder. Comer junto sempre foi um ato político e simbólico. Sentar-se à mesa com alguém, em muitas culturas, é um gesto de confiança, de paz — uma maneira de construir ou reforçar laços. Afinal de contas, como sempre digo, você não chama qualquer pessoa para sentar-se à sua mesa, não é?

Comer é um ato cultural. E entender os rituais à mesa é mais do que dominar boas maneiras: é transformar o ordinário em extraordinário, o cotidiano em celebração. É por isso que costumo dizer que etiqueta não deve ser vista como um conjunto rígido de regras, mas como um conjunto de orientações para a convivência social harmoniosa. A ausência de códigos compartilhados pode transformar um momento coletivo em caos. A etiqueta — no melhor sentido da palavra — é uma ferramenta que ajuda a tornar a convivência mais leve, respeitosa e agradável para todos. 

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia

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A cor do prato muda o gosto da comida (Literalmente!)

Você já parou para pensar que o nosso cérebro é, na verdade, um verdadeiro alquimista do sabor? A experiência de comer vai muito além do paladar — envolve a visão, o olfato e até o tato. E a ciência tem confirmado aquilo que a prática gastronômica já intuía: a estética da mesa posta não é apenas uma questão de beleza, mas influencia diretamente nossa percepção sensorial dos alimentos.

Um estudo científico fundamental sobre a neurociência da percepção do sabor revela como o cérebro integra diferentes estímulos sensoriais — especialmente as cores — para construir o que sentimos como “sabor”. Segundo essa pesquisa, cores quentes como vermelho e laranja tendem a aumentar a percepção de doçura e intensidade, enquanto tons frios como azul e preto podem realçar sabores mais salgados ou amargos. Assim, um simples molho de tomate pode ser percebido de forma distinta se servido em um prato branco ou em um prato escuro. Parece mágica, mas é neurociência aplicada à mesa.


Foto: Amandha Silveira Essa pesquisa aprofunda a relação entre os gostos básicos e os estímulos visuais, explorando como as cores dos alimentos e da apresentação afetam a maneira como o cérebro interpreta sabores. Ao investigar essas conexões, o estudo oferece uma base científica sólida para entender por que certos arranjos visuais tornam a comida mais (ou menos) apetitosa. Em outras palavras, é o cérebro — esse sofisticado alquimista — quem transforma o conjunto de estímulos sensoriais em uma experiência de sabor única.

Antes mesmo de provar, seus olhos já estão preparando o paladar. Uma apresentação cuidadosa — um sousplat elegante, talheres bem dispostos e, claro, o prato na cor certa — cria uma expectativa sensorial que antecipa o sabor. Esse “aperitivo visual” ativa no cérebro memórias, emoções e julgamentos inconscientes, moldando a experiência gustativa antes mesmo da primeira garfada.

A neurociência mostra que essa pré-degustação visual não é superficial — é profundamente significativa. O cérebro interpreta o que está diante de nós, associa o visual a experiências anteriores e ajusta, em tempo real, a forma como perceberemos o sabor. É por isso que a mesma receita pode parecer mais doce, mais intensa ou mais refinada dependendo da forma como é apresentada. A estética, aqui, não é acessório: é ingrediente.

Foto: Amandha SilveiraE essa lógica se estende ao vinho. O formato da taça, a espessura do vidro, sua transparência — tudo é pensado para conduzir os aromas ao nariz e valorizar a cor da bebida. Uma taça limpa e brilhante, por si só, já eleva a qualidade percebida do vinho, mesmo antes do primeiro gole. É mais um exemplo de como o cérebro integra sentidos para compor uma experiência gustativa completa.

Por que isso importa? Porque cada detalhe na mesa é uma oportunidade de enriquecer a experiência gastronômica. Você não está apenas servindo comida — está despertando sensações, criando uma narrativa sensorial. É por isso que os grandes restaurantes investem tanto em mise en place, cerâmicas artesanais, iluminação e ritmo de serviço. Cada elemento comunica algo ao cérebro, ampliando a percepção de sabor, prazer e sofisticação.

Em resumo, a estética da mesa não é apenas visual — ela é sensorial, emocional e, sobretudo, estratégica. Não se trata de frescura, mas de neurogastronomia. Por isso, ao montar um prato ou compor uma mesa, lembre-se: você está falando diretamente com o cérebro. E quando o cérebro é bem estimulado, ele retribui com sabor.

 

Spence, C., Wan, X., Woods, A. et al. Em cores saborosas e sabores coloridos? Avaliar, explicar e utilizar correspondências intermodais entre cores e gostos básicos. Sabor 4, 23 (2015). Disponível: Em cores saborosas e sabores coloridos? Avaliar, explicar e utilizar correspondências intermodais entre cores e gostos básicos | Sabor | Texto completo da fonte

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia

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Teresina aos 173: Um Banquete de Histórias, Sabores e Identidade

A verdadeira alma de uma cidade, muitas vezes, é revelada à mesa, e é na culinária que Teresina, a “Cidade Verde”, mostra suas cores mais vibrantes e seus sabores mais autênticos. A gastronomia teresinense é um caldeirão borbulhante de tradições, um espelho da sua gente e um tesouro à espera de ser plenamente descoberto.

A cozinha piauiense, e por extensão a teresinense, é um reflexo vivo de uma história rica e multifacetada, profundamente marcada pelas influências indígenas, africanas e portuguesas. Essas culturas ancestrais moldaram os temperos e as técnicas, mas também os hábitos alimentares que persistem até hoje. O caju, do qual tudo se aproveita — inclusive para a icônica cajuína, reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro desde 2014 — é um verdadeiro símbolo da identidade piauiense. A farinha de mandioca, herança indígena, e o cheiro-verde são fundamentos que compõem pratos que contam séculos de adaptação e criatividade.


Foto: Reprodução 

Para quem busca a essência dessa culinária, os mercados públicos de Teresina são núcleos da cultura gastronômica local, onde tradição e sabor se encontram de forma autêntica. O Mercado Central, o Mercado do Mafuá e o Mercado da Piçarreira, além de serem pontos de comércio,são espaços de imersão onde frutas regionais, temperos, peixes frescos e carnes oferecem um panorama da riqueza da culinária Teresinense.

E que mesas são essas! A culinária teresinense é povoada por pratos que são verdadeiros personagens de sua história. A "Maria Isabel" - Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Piauí, celebrando a ligação do povo com sua terra e suas raízes. E como esquecer a "bomba", um salgado robusto e saboroso que se tornou um ícone do paladar teresinense. 
Foto: Reprodução 

Embora o turismo de negócios e eventos seja o pilar econômico principal da cidade, o turismo gastronômico tem ganhado protagonismo. Iniciativas, tais como asapoiadas pelo SEBRAE-PI, demonstram o potencial da culinária como ferramenta de valorização cultural e desenvolvimento regional. Teresina, que há muito tem seus sabores reconhecidos localmente, começa a despertar o interesse de visitantes curiosos por novas experiências. Feiras, festivais e eventos gastronômicos têm consolidado esse movimento, revelando talentos, promovendo inovações e reafirmando tradições.

Foto: Reprodução 

A gastronomia de Teresina é referência cultural significativa e um setor com potencial estratégico para o desenvolvimento econômico local. Sua valorização depende da promoção contínua de produtos regionais, do fortalecimento das cadeias produtivas, do incentivo ao empreendedorismo e da consolidação do turismo gastronômico como atividade complementar. Ao completar 173 anos, a cidade tem a oportunidade de transformar sua tradição culinária em ativo econômico, instrumento de geração de renda e elemento central de sua identidade cultural.

Que os 173 anos de Teresina sejam também uma celebração da riqueza e singularidade de sua gastronomia!

 

 

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
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Efeitos bilaterais e perspectivas econômicas: Tarifaço dos EUA

Os Estados Unidos anunciaram uma tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros — como café, açúcar orgânico, frutas e carne (com exceção do suco de laranja). A medida, que entra em vigor em 6 de agosto de 2025, representa uma mudança significativa nas relações comerciais entre os dois países e já gera preocupação no mercado e entre especialistas, que alertam para os possíveis impactos na economia brasileira.

Num primeiro momento, a medida pode parecer vantajosa para o consumidor brasileiro. Com a exportação dificultada, o excedente tende a ficar no mercado interno, reduzindo temporariamente os preços. No entanto, essa sensação de “alívio” é ilusória e passageira.

A queda nas exportações para um dos maiores mercados do mundo impacta diretamente a renda dos produtores brasileiros. Com lucros menores, os investimentos em tecnologia, infraestrutura e expansão tendem a cair, reduzindo a produção e desorganizando a cadeia produtiva — do campo ao transporte e à exportação. Como resultado, o que hoje é abundante e barato pode se tornar escasso e caro no futuro. A inflação sobre alimentos e produtos básicos se torna uma ameaça real, comprometendo a estabilidade econômica e social, especialmente em regiões altamente dependentes do agronegócio.

Por outro lado, a taxação também afeta o consumidor americano. Com os produtos brasileiros mais caros, as importações devem diminuir. Nesse cenário, os EUA podem seguir três caminhos: estimular a produção local, buscar novos fornecedores ou aceitar uma redução na oferta desses itens no mercado. Se as duas primeiras opções não forem suficientes para suprir a demanda, os preços devem subir. Com a oferta reduzida e a demanda estável, o consumidor americano acabará pagando mais caro por produtos que antes eram acessíveis, o que impacta seu poder de compra e eleva o custo de vida.


Foto: Reprodução

É verdade que o Brasil pode — e deve — buscar novos mercados para seus produtos. No entanto, substituir um parceiro como os Estados Unidos, um dos maiores e mais consolidados compradores do país, não é simples nem imediato. Essa transição exige tempo, negociações diplomáticas, adequações logísticas e o cumprimento de diferentes exigências sanitárias e regulatórias.

Enquanto esses novos acordos não são firmados, a economia brasileira sente os efeitos: menos exportações significam menos entrada de divisas, queda na receita dos produtores e enfraquecimento de toda a cadeia produtiva. Com isso, os investimentos diminuem, empregos são cortados e a atividade econômica se retrai em setores-chave.

Além disso, novos mercados não garantem os mesmos volumes nem preços competitivos. Muitas vezes, oferecem menor demanda, impõem mais barreiras ou pagam menos, pressionando ainda mais os produtores, que já enfrentam alta concorrência global.

Portanto, embora a diversificação de mercados seja uma saída estratégica de médio e longo prazo, no curto prazo os impactos negativos sobre a economia são reais e significativos — e podem persistir até que novos fluxos comerciais estejam plenamente operacionais.

Dessa forma, o “tarifaço” não é apenas uma medida de política comercial, mas um gatilho com repercussões amplas e profundas, afetando desde o café da manhã dos brasileiros até a economia das gôndolas nos supermercados norte-americanos. A medida acende um alerta sobre os riscos de decisões unilaterais em um mundo economicamente interdependente, onde o impacto de uma política ultrapassa fronteiras e retorna, muitas vezes, em forma de consequências imprevistas.

Por Amandha Silveira – Gastróloga, Sommeliére e colunista de gastronomia
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Sabores que viralizam: As modas gastronômicas e o poder do engajamento

Do morango do amor às versões gourmetizadas do pistache, vivemos uma era em que a comida não apenas alimenta — ela comunica, conecta e performa. As chamadas modas gastronômicas extrapolam o sabor: revelam um desejo coletivo de pertencer a algo maior.

Nos últimos anos, uma enxurrada de tendências tomou conta das redes sociais, dos aplicativos de delivery e dos cardápios pelo país. Quem nunca se deparou com um desses fenômenos?

  • Paletas mexicanas: tropicais e recheadas, com apelo nostálgico.
  • Copo da felicidade: camadas generosas de bolo e brigadeiro feitas para viralizar.
  • Bento cake: mini bolos fofos com mensagens personalizadas.
  • Pistache: elegante e marcante, virou estrela de doces e gelatos.
  • Morango do amor: a sensação do momento — vermelho, crocante e irresistível.

Mais do que modismos, essas tendências representam um novo comportamento de consumo: hoje, o alimento também é mídia. Estética, afeto e desejo de compartilhamento se unem para criar produtos pensados para circular nas redes antes mesmo de chegar ao paladar.

Para quem empreende, incorporar uma trend com autenticidade pode ser uma maneira estratégica de se manter relevante. Mas é preciso mais do que agilidade — exige coerência e planejamento. O sucesso não está em seguir o hype a qualquer custo, mas em transformá-lo em algo que comunique valor.

O morango do amor exemplifica bem esse movimento. Com seu visual vibrante e som estalado ao morder, tornou-se estrela de vídeos ASMR, em vitrines e pedidos. Porém, sua popularidade também gerou efeitos colaterais: aumento nos preços e escassez do morango in natura em várias regiões. Um exemplo claro de como uma trend pode impactar, de fato, toda a cadeia produtiva.


Foto:Amandha Silveira 


Ao mesmo tempo, esse fenômeno abriu espaço para novos empreendedores. Com estética envolvente e retorno atrativo, o doce se tornou porta de entrada para pequenos negócios — impulsionados por marketing orgânico e desejo de pertencimento digital. Consumir virou um gesto de participação.

Ainda que passageiras, as tendências não são irrelevantes. Quando bem aproveitadas, tornam-se oportunidades reais de crescimento. O segredo está em capturar o momento, adaptar com autenticidade e oferecer algo que permaneça além da moda.

Pistache, paletas, copos recheados, bento cakes... todas essas trends compartilham elementos-chave: apelo visual, forte carga emocional e potencial de compartilhamento. Para o público, são experiências. Para quem cozinha, são oportunidades. E para quem observa o cenário gastronômico com atenção, são sinais valiosos de como o mercado, as redes sociais e o desejo coletivo se entrelaçam.

O morango do amor, enfim, é mais que uma fruta caramelizada. É o retrato de um tempo em que comer também é comunicar, pertencer e empreender. Para quem está atento, pode ser o ponto de partida de uma doce — e estratégica — virada de vida.

Por Amandha Silveira – Gastróloga e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


Desvendando os segredos da harmonização de vinhos e comida

Escolher o vinho ideal para acompanhar uma refeição não precisa ser um mistério, mas sim uma jornada deliciosa de descobertas e prazeres. A harmonização entre comida e vinho é sobre equilibrar sabores, texturas e aromas para elevar a experiência gastronômica a um novo patamar.

No universo da gastronomia, a harmonização de vinhos e pratos é frequentemente vista como um domínio exclusivo de sommeliers. Contudo, essa percepção afasta muitos entusiastas do prazer de explorar combinações que podem transformar uma refeição comum em um momento especial. A verdade é que, com algumas orientações simples e a disposição para experimentar, qualquer pessoa pode explorar combinações surpreendentes e pode descobrir como o vinho certo valoriza os sabores do prato.

Um dos equívocos mais comuns na hora de escolher um vinho é fazê-lo antes de decidir o prato, ou sem considerar a intensidade e o perfil de sabor da refeição. A regra de ouro é clara: escolha o prato, depois pense no vinho! Um tinto encorpado pode facilmente sobrecarregar um peixe delicado, assim como um branco leve se perderá diante de um corte de carne robusto.

A chave está em buscar o equilíbrio de intensidades. Pratos leves pedem vinhos leves; pratos mais ricos e complexos combinam com vinhos mais estruturados. Pense nos elementos que compõem seu prato: a gordura, a acidez, a doçura, os temperos e até mesmo a forma de preparo.

Foto: Amandha Silveira 

Por exemplo, um suculento carré de cordeiro, como já exploramos, pede um tinto com boa estrutura e taninos marcantes — como um blend espanhol de Tempranillo e Garnacha, um Cabernet Sauvignon ou um Syrah —, capazes de limpar o paladar e potencializar os sabores da carne. Já um frango ao molho de espinafre, mais leve e cremoso, harmoniza bem com um branco fresco e ácido, como um Sauvignon Blanc, que traz equilíbrio e leveza à composição.

Outro hábito comum é se limitar ao que já se conhece, repetindo sempre a mesma uva ou região. O mundo do vinho é vasto e repleto de surpresas! Como já mencionei anteriormente, não há nada de errado em ter um favorito, mas permita-se explorar. Peça sugestões ao sommelier, descrevendo o que você gosta e o que busca. Ele está ali para guiá-lo em novas descobertas, talvez apresentando uma uva menos conhecida ou um rótulo de outro país que se aproxime do seu estilo, mas com uma proposta diferente.

Além da intensidade, alguns princípios fundamentais tornam a harmonização ainda mais interessante:

  • Equilíbrio: A busca pela sintonia entre o vinho e o prato, onde um não ofusque ou se sobreponha ao outro.
  • Contraste: Sabores e texturas opostos criam uma dinâmica interessante - a acidez de um vinho cortando a gordura de um prato, ou a doçura de um vinho suavizando a picância.
  • Complementaridade: Sabores que se unem e se potencializam, criando uma experiência coesa e deliciosa.

Agora, queremos ouvir você! Que tal ajudarmos a criar novas combinações perfeitas? Quais pratos você gostaria de ver harmonizados com vinhos em nossos próximos artigos?

Envie suas sugestões para entrada, prato principal e sobremesa nos comentários abaixo ou em nossas redes sociais! As opções mais votadas em cada categoria (entrada, prato principal e sobremesa) serão as escolhidas para o nosso próximo projeto de harmonização detalhada.

Participe e ajude-nos a desvendar novos sabores e a criar as combinações perfeitas!


Desvendando a carta de vinhos: erros comuns e como escolher bem

Escolher um vinho em um restaurante pode parecer um verdadeiro teste de conhecimento. Para muitos, esse momento que deveria ser de prazer e celebração se transforma em insegurança. Afinal, a carta de vinhos pode intimidar até os mais entusiastas, levando a escolhas que nem sempre combinam com o prato ou com o próprio paladar. Além da carta de vinhos, a presença de um sommelier, para alguns, causa nervosismo. Por isso, muitos acabam pedindo “qualquer coisa” ou se limitando ao que já conhecem.

Mas há uma boa notícia! Com algumas orientações simples, é possível tomar decisões mais seguras — e até ousar com elegância. A seguir, compartilho alguns dos erros mais comuns que observo nas mesas por aí — e como evitá-los com tranquilidade e confiança. 

Um dos deslizes mais frequentes é escolher o vinho antes do prato — ou sem considerar sua intensidade e perfil de sabor e a intensidade dos sabores da refeição. Um tinto encorpado pode facilmente sobrecarregar um prato leve, assim como um branco delicado pode se perder diante de sabores muito marcantes. 


Foto: Amandha Silveira

Como evitar? Primeiro, escolha o prato. Depois, pense no vinho! A regra é simples: pratos leves pedem vinhos leves; pratos mais ricos combinam com vinhos mais robustos. Considere elementos como gordura, acidez, dulçor e temperos, tudo isso influencia na harmonia entre comida e vinho. E se surgir dúvida, não hesite em pedir orientação ao sommelier ou garçom. Eles estão ali para ajudar! Seja claro e sincero sobre suas preferências e orçamento. Dizer “gosto de vinhos mais frutados” ou “prefiro algo mais leve” já é um ótimo ponto de partida. Quanto mais informações você oferecer, mais assertiva será a sugestão — tanto em sabor quanto em valor. 

Também é fácil cair no erro de escolher um vinho apenas pelo preço: optar pelo mais barato por insegurança ou escolher o mais caro acreditando que será, automaticamente, o melhor. Nenhuma dessas estratégias, por si só, garante uma boa experiência à mesa. O valor de um vinho nem sempre reflete sua qualidade. Muitas vezes, rótulos mais acessíveis surpreendem pelo equilíbrio e autenticidade, enquanto garrafas de alto custo pode estar mais associadas à fama da vinícola ou à região produtora do que, necessariamente, a um vinho superior. 

Também é comum ver pessoas sempre repetindo a mesma uva, a mesma região ou até o mesmo rótulo. Claro, que não há nada de errado em ter um vinho favorito, mas repetir sempre a mesma uva ou região pode limitar suas descobertas. O mundo do vinho é vasto e cheio de possibilidades. Use a oportunidade de estar em um restaurante para experimentar algo novo. Peça uma sugestão que se aproxime do seu estilo, mas com uma proposta diferente — pode ser uma uva menos conhecida ou um rótulo de outro país. Você pode se surpreender positivamente! 

Na próxima vez que estiver diante da carta de vinhos, respire fundo, explore com calma e, se precisar, peça ajuda. Com o tempo, escolher um vinho pode se tornar tão prazeroso quanto degustá-lo — e cada nova escolha será uma oportunidade de aprendizado, descoberta e celebração. 

À nossa saúde! 

Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


Desmistificando o vinho: Por que esperar a próxima celebração?

Seja um aniversário, um jantar especial ou as festas de fim de ano, o vinho, para muitos, ainda ostenta o status de bebida reservada a momentos grandiosos. É uma cena recorrente, né? Aquela garrafa de vinho, paciente e sonhadora, repousando em nossos armários à espera da "ocasião perfeita". O irônico é que essa espera, muitas vezes em condições inadequadas, pode comprometer a própria qualidade do rótulo. Então, pergunto: será que realmente precisamos de um motivo extraordinário para desfrutar de um bom rótulo?

Essa crença de que o vinho é apenas para momentos de festa – o famoso "mito da ocasião especial" – é um comportamento frequente. Talvez seja reflexo da percepção de que a bebida é cara, complexa ou que exige um ritual formal para ser apreciada. No entanto, essa mentalidade acaba por nos privar de um prazer mais frequente, de uma experiência sensorial capaz de elevar até mesmo os instantes mais simples. E um adendo importante: o intuito deste artigo não é, de forma alguma, estimular o consumo de bebidas alcoólicas.

Mas afinal, de onde se origina essa ideia de que o vinho é uma bebida exclusiva para datas festivas? Em parte, suas raízes se fincam em épocas passadas: desde os tempos antigos, o vinho desempenhou um papel significativo em diversas culturas, atuando como um símbolo de celebração, tradição e refinamento. No entanto, a realidade de hoje é outra. Com a democratização da produção e o surgimento de vinhos cada vez mais acessíveis e de qualidade, essa barreira econômica e social tem diminuído consideravelmente.

Foto: Redes Sociais Amandha Silveira

Outro fator que contribui para essa aura de exclusividade é a percepção de complexidade. Muitas pessoas se sentem intimidadas pela vasta gama de tipos, uvas, regiões e pelas "regras" de harmonização. Contudo, a verdade é que o verdadeiro prazer do vinho reside, antes de tudo, na experiência pessoal e descomplicada. Não é preciso ser um sommelier para escolher um rótulo que lhe agrada e simplesmente desfrutá-lo.

Pense no vinho como um complemento que eleva uma refeição. Há uma infinidade de rótulos que se encaixam perfeitamente no cotidiano: vinhos leves, frutados e jovens, sejam eles brancos refrescantes, rosés vibrantes ou tintos descontraídos.

Adicionalmente, diversos estudos apontam que, quando consumido com moderação, o vinho – principalmente o tinto – tem sido associado a vários benefícios à saúde. Isso inclui, por exemplo, a melhora da saúde cardiovascular, em virtude de suas propriedades antioxidantes e potenciais efeitos anti-inflamatórios.

É inegável que o prazer e o status social associados ao vinho influenciam a decisão de compra de muitos. Historicamente, ele foi visto como um símbolo de distinção. Contudo, essa imagem não precisa mais ser predominante: o vinho pode e deve ser parte integrante da refeição cotidiana, e não um item de luxo inatingível. Essa nova perspectiva nos convida a integrá-lo de forma mais natural em nossa rotina.

Então, por que esperar? Desmistifique o consumo. Celebre o fim de um dia de trabalho, a companhia de quem você ama, o prazer de uma boa refeição caseira. Permita que o vinho seja o toque especial que eleva o seu dia a dia, e não apenas um convidado raro em festividades grandiosas.


Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia
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Memória com sabor de infância: um pedaço da nossa identidade

A comida é uma linguagem viva que traduz nossa identidade, cultura e história pessoal. Cada prato que comemos carrega com ele memórias, tradições e influências de nossa origem e experiências. Às vezes, é um simples gole, um cheiro no ar ou um sabor que nos faz voltar à infância, aquele tempo em que a felicidade cabia em um prato simples. Certos sabores carregam histórias — e, mais do que isso, carregam um pedaço da nossa identidade. 

Eu sou dessas que guarda com carinho as lembranças de infância. De comer capitão - uma maneira divertida de comer arroz: amassado com as mãos até virar um bolinho perfeito. De lanchar Baré bem geladinho com língua de sogra. De juntar os cascos — as garrafas vazias de cerveja e refrigerante — só para trocar por um quebra-queixo com o moço do tabuleiro que passava na rua. De comer banana frita polvilhada com açúcar. Certos hábitos que faziam parte do dia a dia e, sem que a gente percebesse, iam se transformando em memórias afetivas. 


Foto: Reprodução

Você se lembra da última vez que provou algo que instantaneamente o transportou para um momento feliz do passado? Aquela sensação de conforto e nostalgia que inunda seu ser? É como um superpoder que todos nós temos: a capacidade de viajar no tempo através do paladar. E o melhor de tudo? Esse "poder" está ao alcance de uma simples receita!

A comida tem esse poder de nos transportar para esses lugares. Ela nos lembra de quem somos e de onde viemos. Em meio à correria da vida adulta, quando os pratos se tornam mais elaborados e as tendências gastronômicas tomam conta das mesas, há sempre um sabor da infância à espera, pronto para nos lembrar de que, apesar do tempo, algumas coisas, como o gosto das boas lembranças, nunca mudam.

“Comida é tudo o que somos. É uma extensão da sua história pessoal, da sua região, do seu bairro, da sua tribo, da sua avó. A comida é inseparável dessas coisas desde o princípio.” (Anthony Bourdain)

E Bourdain não poderia estar mais certo. Cada garfada é uma viagem no tempo, cada aroma é um abraço do passado. Então, que tal hoje fazer essa viagem? Prepare aquele prato especial, aquele que faz seus olhos brilharem só de pensar. Convide quem você ama, sente-se à mesa e compartilhe não apenas a comida, mas as histórias, as risadas e as lembranças que ela traz.

Às vezes me pego pensando: será que todo mundo tem essa conexão tão forte com a comida da infância? Será que você também se emociona com algum prato especial, daqueles que só de pensar já dá água na boca e um quentinho no peito? Então, qual é o sabor da sua infância? Qual é o prato que conta a sua história? Compartilhe conosco!


Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia

Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


Festa junina no Nordeste: tradição, cultura e identidade alimentar

As festas juninas no Nordeste brasileiro representam um dos mais ricos e complexos encontros entre religião, cultura popular, identidade regional e tradição alimentar. Para além da celebração festiva, as comemorações de São João, São Pedro e Santo Antônio carregam significados antropológicos profundos, sendo expressões vivas da formação histórica e cultural da região.

Com origens europeias, trazidas pelos colonizadores portugueses, as festas juninas foram inicialmente celebrações católicas em homenagem a santos. No entanto, ao se enraizarem no Nordeste, passaram por um intenso processo de ressignificação, absorvendo elementos indígenas e afro-brasileiros. Assim, transformaram-se em manifestações autênticas da cultura nordestina, refletindo os saberes, as crenças e os modos de vida do povo.

Diversas expressões típicas das festas juninas surgiram a partir dessa mescla cultural. As fogueiras, por exemplo, além de sua função simbólica cristã de anunciar o nascimento de São João, dialogam com antigas práticas indígenas de celebração e purificação. Já as danças de quadrilha, originalmente inspiradas nos bailes europeus (quadrilles), foram apropriadas pelo povo nordestino, ganhando novas roupagens por meio da linguagem regional, das vestimentas caipiras e da musicalidade própria, embalada pelo forró e pelo baião, estilos imortalizados por artistas como Luiz Gonzaga.

Foto:Reprodução 

Outro reflexo dessa ressignificação cultural está na culinária típica das festas. O milho, base da alimentação indígena desde tempos ancestrais, assume papel central nas receitas juninas. Ao mesmo tempo, doces caramelizados como o pé de moleque e o pé de moça revelam influências da doçaria portuguesa, adaptadas à realidade local com o uso de ingredientes regionais, como o amendoim.

No campo simbólico, as festas juninas marcam o encerramento da colheita do milho, produto central na alimentação e na economia das comunidades rurais do Nordeste. Por isso, a culinária junina é um verdadeiro patrimônio alimentar da região, celebrando o milho como protagonista em pratos como pamonha, canjica, bolo de milho, milho cozido e assado, além de iguarias como a cocada e bolo de macaxeira.

As fogueiras, as quadrilhas, as roupas típicas e as músicas compõem o universo estético e sensorial da festa, recriando um ambiente de celebração rural mesmo em contextos urbanos. Nesse cenário, a Festa Junina funciona como um elo de pertencimento cultural, resistência e afirmação da identidade nordestina, atravessando gerações e reafirmando os valores coletivos em torno da partilha, da alegria e da valorização das raízes.

E dentre todas as delícias que compõem essa identidade alimentar da culinária junina, destaca-se o Pé de Moça, uma releitura mais macia e cremosa do tradicional pé de moleque. A seguir, compartilho a receita do Pé de Moça, publicada no meu perfil no Instagram (@amandhassilveira), para quem deseja experimentar essa delícia:

Receita de Pé de Moça

Ingredientes:


150g de açúcar
2 colheres de sopa de manteiga gelada
300g de amendoim torrado
395g de leite condensado

Modo de preparo:

Derreter o açúcar até formar um caramelo, adicionar a manteiga gelada. Misturar até derreter a manteiga e homogeneizar. Acrescentar o amendoim. Envolver o amendoim no caramelo e adicionar o leite condensado. Mexer até desgrudar da panela. Transferir o doce para um refratário untado e deixar esfriar. Cortar em cubos e servir.

Essa receita resgata a tradição e, ao mesmo tempo, traz um toque contemporâneo à mesa junina, mantendo viva a relação entre alimento, memória e celebração.

Link: https://www.instagram.com/reel/C8sTZbJJDsX/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MWxhejRxc2t6NjJubA==

Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia
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O olhar saboreia primeiro: o poder do empratamento na gastronomia contemporânea

Na arte de cozinhar, há um momento sutil e decisivo: aquele em que o prato é finalizado e apresentado ao comensal. É nessa hora que o empratamento entra em cena — não apenas como acabamento, mas como parte fundamental da experiência gastronômica.

A estética do prato tem papel essencial na construção da percepção do sabor. Afinal, o visual desperta emoções, abre o apetite e antecipa expectativas. Pratos bem apresentados não apenas encantam, mas comunicam intencionalidade, técnica e cuidado.

Em tempos de redes sociais, a força da imagem é ainda mais potente. Um prato bonito e bem composto ganha protagonismo nas telas, nas lentes dos celulares e no imaginário coletivo. Ser “instagramável” virou atributo de valor. Mas aqui cabe um alerta importante: a beleza não pode sobrepor o sabor.

Um bom empratamento precisa equilibrar função e forma. Não basta ser bonito — precisa ser comestível, harmonioso, respeitar temperatura, proporção e textura. O prato deve conduzir o olhar com fluidez, valorizar ingredientes, realçar cores naturais e convidar à experiência plena.

Foto:Amandha Silveira 

A estética gastronômica é uma linguagem silenciosa, mas poderosa. Ela conta histórias, imprime identidade e deixa marcas afetivas. Por isso, aprender a empratar vai muito além de empilhar elementos ou usar moldes bonitos — trata-se de desenvolver olhar crítico, sensibilidade e propósito.

E é com essa proposta que conduzo o curso Design Gastronômico e Empratamento, no laboratório de gastronomia da Unifacid. Quer ver essa teoria ganhando forma no prato? Acompanhe as imagens e bastidores do curso no meu Instagram: @amandhassilveira.

Afinal, na cozinha, cada detalhe comunica — e o prato é a assinatura visual de quem cozinha.

Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia
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Frango com molho de espinafre: uma receita leve, funcional e reconfortante

No artigo anterior, falamos sobre como a comida pode influenciar nossas emoções e ajudar a promover bem-estar. Agora é hora de transformar teoria em prática com uma receita leve, reconfortante e incrivelmente nutritiva: Frango com Molho de Espinafre. Rica em proteínas, magnésio e sabores que abraçam, essa receita é um exemplo perfeito de Mood Food comida que faz bem para o corpo e também para a alma. 

Este prato une a delicadeza do frango grelhado com a cremosidade do molho à base de espinafre, um vegetal rico em triptofano e magnésio, nutrientes fundamentais para a produção de serotonina, o neurotransmissor da felicidade. Cozinhar esta receita pode ser mais do que uma tarefa do dia: pode ser um momento de autocuidado, atenção plena e prazer. Prepare-se para cozinhar com propósito e saborear com consciência.  

Foto: Amandha Silveira 


Receita: Frango com Molho de Espinafre

 Ingredientes 

Para o frango:

 
  • 1 kg de filé de peito de frango
  • 4 dentes de alho amassados
  • 60 ml de vinho branco seco
  • Sal e pimenta-do-reino a gosto
  • Fio de óleo (preferencialmente vegetal ou de oliva)
 

Para o refogado de espinafre:

 
  • 1 dente de alho picado
  • 1/2 cebola pequena picada
  • 1 maço de espinafre fresco, desfolhado e higienizado
 

Para o molho:

 
  • 1 colher de sopa de manteiga
  • 1 colher de sopa de farinha de trigo
  • 250 ml de leite
  • Espinafre refogado
  • Sal e noz-moscada a gosto (opcional)
  

Modo de Preparo:

  

1. Marine o frango:
Em um recipiente, tempere o frango com o alho, sal, pimenta e o vinho branco seco. Misture bem, cubra e deixe marinar por pelo menos 2 horas na geladeira.

 

2. Grelhe o frango:
Aqueça uma frigideira antiaderente com um fio de óleo. Grelhe os filés de frango até ficarem bem dourados dos dois lados. Reserve.

 

3. Refogue o espinafre:
Na mesma frigideira, adicione um pouco mais de óleo (se necessário), refogue o alho e a cebola até ficarem translúcidos. Acrescente o espinafre e cozinhe rapidamente até murchar. Reserve.

 

4. Prepare o molho:
Ainda na mesma frigideira, adicione a manteiga e, quando derreter, misture a farinha até formar um roux (pasta dourada). Aos poucos, vá adicionando o leite, mexendo sem parar para não empelotar.
Quando o molho estiver cremoso, incorpore o espinafre refogado. Se quiser uma textura mais lisa, bata com um mixer ou no liquidificador. Ajuste o sal e, se desejar, adicione uma pitada de noz-moscada.

 

5. Finalize o prato:
Sirva os filés de frango com o molho de espinafre. Acompanhe com batata douradas, e uma salada de folhas frescas para uma refeição completa e equilibrada.

Além de deliciosa, essa receita traz benefícios reais para sua saúde emocional e física. Ao se alimentar com intenção e qualidade, você transforma cada refeição em um ato de cuidado com você mesmo.  Experimente cozinhar com atenção plena. Sinta os aromas, aprecie o som dos ingredientes na frigideira e saboreie cada colher com gratidão. Esse simples gesto pode ser o começo de uma nova relação com a comida mais consciente, mais saudável e mais feliz. 

No próximo artigo, trarei mais receita para colocar a Mood Food no seu dia a dia. Não perca!

 

Gostou da receita? Compartilhe nas redes e marque @amandhassilveira para eu ver o seu prato!

  Referências: 

RAMAGEM, G. M.; BELIENE, J. B.; DIAS, D. de A. M. A relação entre saúde mental e o impacto na microbiota intestinal: revisão narrativa. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.], v. 13, n. 12, p. e86131247721, 2024. DOI: 10.33448/rsd-v13i12.47721. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/47721. Acesso em: 17 mar. 2025.

 

SILVA, V. F. B. da et al. Nutrição e saúde mental: o papel da alimentação nos transtornos depressivos e de ansiedade - uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 5, p. 1934-1945, 2024. Disponível em: <ARTIGO+Nutrição+e+saúde+mental+(2).pdf>. Acesso em: 17 mar. 2025.

    

Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br

  

Alimentos que nutrem o corpo e a mente: os segredos da Mood Food

Você já percebeu como um simples prato de comida pode mudar o seu humor? A relação entre alimentação e saúde mental é fascinante, pois o que comemos pode impactar diretamente nosso estado emocional – e o contrário também é verdadeiro, já que o humor influencia nossas escolhas alimentares. Comer vai além de satisfazer a fome - envolve aspectos culturais, emocionais e sociais que têm um impacto profundo na nossa qualidade de vida.

A escolha cuidadosa dos ingredientes e dos métodos de preparo pode transformar uma refeição em uma verdadeira fonte de nutrição para o corpo e a mente. Refeições bem preparadas podem liberar endorfinas, neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar. Cozinhar também pode ser uma atividade terapêutica, proporcionando relaxamento e autoestima.

Além disso, a gastronomia desempenha um papel importante na conexão social: compartilhar refeições com amigos e familiares fortalece os laços afetivos e promove o sentimento de pertencimento, essencial para a saúde mental. Celebrar tradições culinárias e dividir pratos típicos traz alegria e nos reconecta com nossas raízes culturais.

Você sabia que certos alimentos são poderosos aliados da saúde mental? O conceito de Mood Food, surgido no Japão, destaca a importância de alimentos nutritivos na produção de neurotransmissores como a serotonina, conhecida como o "hormônio da felicidade", e a dopamina, que está relacionada ao prazer e à motivação.

Uma dieta balanceada, rica em nutrientes essenciais como vitaminas, minerais, antioxidantes e ácidos graxos ômega-3, favorece a saúde mental. Alimentos como frutas, vegetais, grãos integrais, peixes, nozes e sementes são especialmente eficazes para reduzir inflamações, proteger contra o estresse oxidativo e regular o humor.

Adotar práticas como a alimentação consciente (Mindful Eating) pode ser uma maneira de melhorar a relação com a comida e, ao mesmo tempo, promover bem-estar emocional. Comer com atenção plena envolve focar no momento da refeição, saboreando cada mordida e se conectando com o que estamos comendo. Essa prática ajuda a diminuir o estresse, promover a saciedade e evitar excessos alimentares.

Adotar uma dieta Mood Food não é apenas uma solução momentânea, mas um investimento contínuo na saúde mental. Comer de forma equilibrada pode melhorar a qualidade do sono, reduzir a ansiedade e favorecer o bem-estar geral. Estudos demonstram como desequilíbrios alimentares podem afetar diretamente o eixo intestino-cérebro, contribuindo para condições como depressão e ansiedade. Por outro lado, o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados pode prejudicar a produção de serotonina e outros neurotransmissores essenciais, gerando inflamações no sistema neurológico e afetando o humor.


Foto:Reprodução

A alimentação consciente pode ser aplicada no cotidiano, mesmo em meio à correria. Veja algumas formas de colocar essa prática em ação, seja em casa ou no trabalho:

  • Comece o dia com uma refeição calma: Dedique um tempo para saborear o café da manhã.
  • Faça pausas para o almoço sem pressa: No trabalho, reserve 10 a 15 minutos para realmente saborear seu almoço. Afaste-se da mesa do computador e concentre-se no prazer de comer, sem distrações.
  • Coma em porções menores e devagar: Ao invés de comer grandes porções rapidamente, prefira refeições menores e mais frequentes, desacelerando para saborear cada mordida.
  • Cozinhe em casa com intenção: Preparar suas próprias refeições com atenção aos detalhes e ingredientes pode ser um ato de autocuidado.

Nos próximos artigos, trarei duas receitas deliciosas e benéficas para a mente:

  • Peixe Assado com Crosta de Castanhas e Limão: O peixe, especialmente os ricos em ômega-3 como o salmão, melhora a função cerebral e reduz a inflamação. As castanhas fornecem antioxidantes e ácidos graxos essenciais, protegendo o cérebro contra o estresse oxidativo. O limão, rico em vitamina C, auxilia na produção de neurotransmissores que regulam o humor, promovendo o bem-estar geral. Juntos, esses ingredientes favorecem a saúde mental e o funcionamento neurológico.
  • Frango com Molho de Espinafre: O frango, sendo uma excelente fonte de proteína magra, é essencial para a produção de neurotransmissores que ajudam a regular o humor e fornecem energia. Já o espinafre é rico em magnésio, um mineral crucial para reduzir o estresse, melhorar a qualidade do sono e regular a produção de hormônios relacionados ao bem-estar.

Lembre-se: o que você come tem um impacto profundo em como você se sente! Adotar hábitos alimentares saudáveis não apenas melhora seu humor, mas também pode transformar sua saúde mental. Continua me acompanhando aqui e experimente essas receitas e comece a cuidar de sua saúde emocional através da alimentação. Quer mais dicas de receitas e bem-estar? Continue acompanhando nossa coluna gastronômica!

Referências:

RAMAGEM, G. M.; BELIENE, J. B.; DIAS, D. de A. M. A relação entre saúde mental e o impacto na microbiota intestinal: revisão narrativa. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.], v. 13, n. 12, p. e86131247721, 2024. DOI: 10.33448/rsd-v13i12.47721. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/47721. Acesso em: 17 mar. 2025.

SILVA, V. F. B. da et al. Nutrição e saúde mental: o papel da alimentação nos transtornos depressivos e de ansiedade - uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 5, p. 1934-1945, 2024. Disponível em: <ARTIGO+Nutrição+e+saúde+mental+(2).pdf>. Acesso em: 17 mar. 2025.

Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


Tabus gastronômicos e superstições à Mesa: Entre crenças e sabores

A alimentação, em todas as suas formas e culturas, sempre carregou consigo significados simbólicos, crenças e até superstições, que influenciaram profundamente a relação das pessoas com os alimentos. Desde a Antiguidade até os tempos modernos, diversas superstições gastronômicas surgiram, muitas das quais ainda estão presentes no nosso cotidiano — seja à mesa, na preparação ou até na escolha dos ingredientes.

Essas superstições alimentares surgiram como uma maneira de entender o mundo e se proteger de forças invisíveis. Em muitas culturas, certos alimentos foram associados a poderes mágicos ou divinos. Na Idade Média, por exemplo, acreditava-se que alguns alimentos poderiam curar doenças ou afastar o mal. O alho, tão comum em nossas cozinhas, era considerado um amuleto poderoso contra espíritos malignos e até contra vampiros. Ao mesmo tempo, o uso de pimenta e ervas aromáticas na culinária medieval tinha uma forte conotação de proteção espiritual.

Além dos alimentos, o simples ato de colocar a mesa está impregnado de crenças que vão muito além da estética. Por exemplo, é comum evitar colocar chapéus sobre a mesa, pois acredita-se que isso atrai má sorte. Outra superstição popular é a de que derrubar o saleiro traz azar. Para espantar essa má sorte, diz-se que é necessário jogar uma pitada de sal por cima do ombro esquerdo, um gesto antigo para afastar maus presságios. A crença de que derramar sal traz azar pode ter origem na Roma Antiga, onde o sal era uma especiaria de grande valor e uma mercadoria rara, simbolizando poder e riqueza.


Foto: Amandha SilveiraA alimentação também está associada a pratos e rituais específicos para atrair prosperidade e harmonia. Comer 12 uvas à meia-noite na virada do ano é uma simpatia popular para atrair dinheiro, amor e sorte. Além disso, há a tradição de comer 7 sementes de romã e guardar a casca da fruta na carteira ou bolsa durante o ano, acreditando que isso trará boa sorte e prosperidade.

No Brasil, um dos tabus mais conhecidos envolve a combinação de manga com leite. Originada nos tempos da escravidão, dizia-se que a mistura era perigosa, causando intoxicação. No entanto, essa crença serviu também como uma ferramenta de controle social. Senhores de fazenda espalhavam a ideia de que o consumo noturno dos dois juntos poderia ser fatal, com o objetivo de evitar que os escravos utilizassem livremente os frutos. Na realidade, os nutrientes presentes tanto na manga quanto no leite tornam essa combinação uma escolha saudável e nutritiva.

Outro tabu popular é a crença de que comer bolo quente causa dor de barriga. Esse mito é mais uma questão cultural do que uma realidade científica. O desconforto está mais relacionado à ingestão rápida ou em grandes quantidades do que à temperatura do alimento, já que esse efeito não se limita a essa combinação. O calor do bolo pode, sim, causar um desconforto momentâneo se consumido rapidamente, mas o real fator de desconforto digestivo está mais relacionado ao hábito de comer em excesso.

Esses tabus e superstições revelam um fascinante mundo de tradições, espiritualidade e identidade cultural. Elas moldaram e continuam a moldar nossas práticas alimentares, mostrando que a comida vai muito além de seu valor nutricional — ela é carregada de histórias, símbolos sociais e culturais.

É importante destacar que os tabus e superstições gastronômicas são fenômenos distintos dos aspectos culturais ou religiosos relacionados à alimentação, como o jejum no Ramadã e na Quaresma ou o conceito de Yin e Yang da filosofia chinesa, por exemplo. Embora ambos estejam ligados à alimentação, enquanto as superstições frequentemente carecem de base científica, os rituais religiosos e culturais têm raízes profundas nas tradições espirituais, na filosofia e nas convicções de fé de um povo. Esses rituais visam não só à preservação de valores espirituais, mas também ao fortalecimento da conexão com o divino, o autocontrole e os princípios fundamentais de uma determinada cultura ou religião.

E você, tem alguma superstição gastronômica? Compartilhe suas experiências, vamos conversar mais sobre esse tema tão rico e interessante.


Hambúrguer e Batata Frita: A harmonia técnica de uma dupla clássica

No calendário da gastronomia, o fim de maio reserva uma homenagem especial a dois ícones universais da cozinha: o hambúrguer (27/05) e a batata frita (30/05). Mais do que uma combinação popular, essa dupla representa o encontro entre técnica, equilíbrio sensorial e paixão pela comida. Uma união que atravessa gerações, fronteiras e estilos  do fast food ao prato autoral.

O hambúrguer, em sua forma clássica, é um estudo preciso sobre cocção, textura e composição. A escolha do blend de carnes, por exemplo, é determinante para garantir suculência e sabor. Cortes como acém, peito e fraldinha combinados com aproximadamente 20% de gordura produzem um disco que, ao ser selado corretamente, desenvolve uma crosta caramelizada por meio da reação de Maillard, sem comprometer a umidade interna.

A montagem também exige raciocínio técnico: o pão deve ter estrutura e leveza firme o suficiente para conter os sucos da carne, mas sem roubar protagonismo na mordida. Ingredientes frescos, como alface e tomate, trazem contraste térmico e crocância. Já os molhos devem atuar como elementos de ligação, equilibrando acidez, doçura e untuosidade sem sobrepor os demais sabores.

A batata frita, por sua vez, é um exemplo clássico de técnica de fritura em duas etapas: a pré-cozimento em temperatura moderada garante interior macio, enquanto a segunda imersão, em óleo mais quente, resulta em uma crosta dourada e crocante.

Quando unidas no prato, essas duas preparações criam uma experiência sensorial completa. Proteína, gordura e carboidrato se equilibram quase como em uma fórmula matemática, provocando saciedade, prazer e conforto. É o contraste entre texturas, temperaturas e sabores que justifica o sucesso atemporal dessa parceria.

Foto: Amandha Silveira 

O hambúrguer, com raízes que remontam à Europa e consagração moderna nos Estados Unidos, transcendeu o simples “pão com carne”. Hoje, é um símbolo de identidade culinária, criatividade e versatilidade presente tanto em lanchonetes de bairro quanto em menus de chefs estrelados. Pode ser simples ou elaborado, mas quando bem executado, é sempre irresistível.

E o que seria dele sem a batata frita? Crocante, salgada e reconfortante, ela cumpre um papel fundamental no equilíbrio do prato. Em suas múltiplas variações rústica, palito, chips, temperada com ervas ou acompanhada de queijos e molhos a batata é mais do que acompanhamento: é celebração à parte.

No cenário atual, essa dupla também ganhou novas leituras: hambúrgueres veganos, fermentações naturais, pães artesanais, batatas assadas ou preparadas em air fryer. Ainda assim, o que sustenta o sucesso está na base técnica bem aplicada e no respeito ao ingrediente.

Há algo de mágico nessa combinação: ela é conforto em forma de comida, é memória de infância, é encontro com amigos, é lanche descomplicado ou prato principal em uma mesa caprichada. É a prova de que, na gastronomia, o clássico nunca sai de moda apenas se reinventa.

Então, que tal aproveitar a data para criar a sua versão favorita? Use ingredientes frescos, explore combinações inusitadas e celebre essa união com sabor e criatividade.

Por Amandha Silveira – Chef de Cozinha e colunista de gastronomia
Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


O sabor da origem: Por que a terra também assina o prato?

Na vastidão dos sabores que percorrem nossas mesas, há prazeres que carregam em si mais do que apenas gosto e aroma. Quando você saboreia um legítimo Champagne ou um queijo Canastra, há uma geografia, uma cultura e uma história inteiras servidas ali. Muito além de um rótulo bonito ou um selo dourado, as Denominações de Origem Controlada (DOC) e as Indicações Geográficas (IG) contam ao paladar aquilo que o mapa muitas vezes não mostra: o espírito de um lugar.

No universo da gastronomia, onde cada detalhe importa, a origem de um ingrediente pode transformar o comum em extraordinário. Afinal, um queijo não nasce apenas do leite — mas do solo, do clima, das mãos e da tradição de uma região inteira. É por isso que Camembert de Normandie só pode ser chamado assim se vier, literalmente, da região da Normandia na França.

E não se trata de capricho: o conceito de "terroir" é fundamental para entender a singularidade dos alimentos e bebidas protegidos por DOC e IG. Terroir refere-se ao conjunto de fatores geográficos, climáticos e culturais que influenciam a produção de um alimento. Inclui o solo onde as plantas crescem, o microclima que as envolve, a topografia do local e até mesmo os métodos tradicionais de cultivo e produção utilizados pelos povos da região. Assim, um vinho da Borgonha e um queijo de Normandia refletem em seu sabor as condições únicas do lugar onde foram produzidos. É a assinatura da terra em cada mordida.


Foto: Reprodução Internet 


Mas e o Brasil? Longe de ser coadjuvante, o país começa a valorizar e certificar os sabores que moldam sua própria história alimentar. O queijo minas artesanal, com variações em regiões como Serro e Canastra, já é reconhecido por sua singularidade. Sua maturação em tábuas de madeira, o pasto onde pastam as vacas, até a umidade das serras mineiras — tudo isso interfere no resultado. Comer esse queijo é, portanto, comer um pedaço de Minas. Literalmente.

O que muitos consumidores ainda não sabem é que essas certificações não são apenas rótulos de prestígio. São ferramentas de valorização econômica, cultural e social. Quando um produto recebe uma IG ou uma DOC, ele ganha um diferencial no mercado, garante a sobrevivência de métodos tradicionais e fortalece comunidades inteiras. É mais do que um selo—é uma defesa do patrimônio cultural e humano.

Na cozinha contemporânea, cada vez mais se busca autenticidade. E não há nada mais autêntico do que aquilo que carrega a identidade de sua terra natal. Para chefs e amantes da boa mesa, entender de onde vem um ingrediente é quase tão importante quanto saber prepará-lo. Escolher um produto com origem controlada é, no fim das contas, cozinhar com consciência — e saborear com profundidade.

Por isso, da próxima vez que você encontrar um queijo Roquefort, um café do Cerrado Mineiro ou um vinho do Vale dos Vinhedos, saiba: você não está apenas diante de um alimento. Está diante de uma história que escolheu continuar sendo contada pelo sabor.

Por Amandha Silveira – Chef de  Cozinha e colunista de gastronomia

Instagram: @amandhassilveira | www.amandhasilveira.com.br


Nos bastidores da cozinha: Um olhar além da Toque Blanche

Na superfície, a cozinha profissional é um palco vibrante de aromas, sabores e criações que encantam o paladar. Mas é nos bastidores que se desenrola o verdadeiro espetáculo da gastronomia. O Dia Nacional do Chefe de Cozinha, celebrado em 13 de maio, oferece uma oportunidade privilegiada para discutir não apenas os méritos técnicos e criativos desses profissionais, mas também os marcadores sociais que historicamente estruturam as dinâmicas de trabalho nas cozinhas profissionais e refletir sobre os caminhos trilhados, as barreiras superadas — e as que ainda resistem.

Durante muito tempo, o universo das grandes cozinhas foi tratado como um território exclusivamente masculino. Embora o ato de cozinhar esteja historicamente associado às mulheres, esse vínculo foi confinado ao espaço doméstico — considerado uma extensão do cuidado e da obrigação feminina. Já a cozinha profissional, palco de prestígio e reconhecimento, foi moldada sob uma lógica que privilegiava o olhar masculino, afastando tudo o que remetesse à feminilidade.

O paradoxo é evidente: o dito popular “lugar de mulher é na cozinha” escancara uma associação enraizada, mas que exclui essas mesmas mulheres quando a cozinha se torna sinônimo de status e carreira. Ainda hoje, mesmo com avanços visíveis, muitas cozinheiras são destinadas aos setores menos prestigiados da brigada, enquanto os holofotes e os prêmios recaem majoritariamente sobre nomes masculinos.


Foto: Amandha Silveira

Contudo, esse cenário tem passado por mudanças significativas. Cada vez mais, mulheres chefs vêm se destacando por sua competência técnica, criatividade e capacidade de liderança, atuando com protagonismo em restaurantes, na mídia televisiva, em empreendimentos autorais e em eventos gastronômicos de prestígio. Sua presença reafirma que a cozinha profissional deve ser um espaço de equidade, onde o talento independe de gênero.

Essa transformação não é apenas simbólica. É também uma conquista social que revela como o olhar de gênero pode e deve ser uma lente importante para compreender e transformar a gastronomia. Romper com a ideia de que homens “criam” na cozinha enquanto mulheres apenas “alimentam” é um passo essencial para uma cultura gastronômica mais justa, diversa e inclusiva.

Celebrar o Dia Nacional do Chefe de Cozinha, portanto, é mais do que aplaudir pratos bem executados ou reconhecer apenas o trabalho visível dos grandes nomes da gastronomia, é reconhecer também os bastidores onde se forjam identidades, lutas e trajetórias invisibilizadas. É reconhecer a história de quem cozinha com alma, enfrentando jornadas exaustivas, ambientes muitas vezes hostis e desigualdades que ainda persistem. É dar visibilidade às vozes que durante muito tempo ficaram nos bastidores — especialmente as femininas.

Que esse dia seja, então, uma homenagem a todos os que fazem da cozinha um espaço de arte, mas também de resistência, de afeto e de transformação social. Porque nos bastidores da gastronomia, muito mais do que técnicas e receitas, pulsa a luta por reconhecimento, igualdade e respeito.


Receitas de afeto: Quando alimentar é um ato de amor materno

A relação entre maternidade e alimentação vai muito além das necessidades biológicas. Desde os primeiros alimentos oferecidos ao bebê até as refeições que organizam a rotina familiar, a cozinha se configura como um espaço simbólico de vínculo, aprendizagem e presença. Alimentar é, assim, um gesto sensível que marca profundamente a relação entre quem cuida e quem é cuidado.

No contexto da maternidade, o ato de cozinhar não se reduz a uma obrigação social ou a um papel imposto, mas representa uma forma de cuidado que atravessa o tempo e as culturas. Preparar uma refeição é, muitas vezes, uma maneira de educar, criar memórias e fortalecer laços. Receitas de família não são apenas instruções culinárias; são heranças afetivas e culturais que mantêm viva uma história comum.

O cheiro de um prato específico, o sabor de um tempero conhecido ou o modo particular de servir a comida são elementos que ajudam a construir a identidade e reforçam o sentimento de pertencimento.


Foto: Amadha Silveira

Na prática cotidiana da maternidade, cozinhar é um gesto que envolve atenção, escuta e presença. Ao alimentar uma criança, a mãe oferece mais do que sustento: ela apresenta o mundo pelos sentidos, estabelece rotinas de cuidado e constrói uma base afetiva sólida, ainda que nem sempre verbalizada. Na vida adulta, essas experiências sensoriais e afetivas permanecem como referências emocionais, evocadas por sabores, aromas e gestos que reativam memórias de pertencimento e segurança.

Com o Dia das Mães chegando, somos convidados a refletir sobre os gestos silenciosos e profundos que estruturam os vínculos afetivos — e a alimentação é um deles.

É importante destacar que essa dimensão do papel de mãe não deve ser compreendida como uma responsabilidade exclusiva das mulheres. Trata-se de uma expressão de cuidado profundamente humana, que pode ser compartilhada, reconhecida e vivida em diferentes contextos familiares, visto que o papel materno pode ser exercido por quem está presente no cuidado cotidiano — pais, avós, madrastas, madrinhas, irmãos mais velhos ou cuidadores. Nesses casos, a maternidade é vivida como uma função afetiva e simbólica, construída nas rotinas, nos gestos e nas relações, e não apenas determinada por vínculos biológicos ou por normas de gênero. Assim, o ato de alimentar é ressignificado como uma forma essencial de conexão — válida e significativa independentemente do tempo, do lugar ou dos papéis sociais.

Com o Dia das Mães chegando, que tal preparar uma mesa posta especial e celebrar os momentos de carinho e conexão com quem você ama? Uma refeição preparada com afeto é memória, é vínculo, é presença!


Teresina e o turismo gastronômico: um tesouro a ser descoberto

A gastronomia exerce um papel crucial nas escolhas dos turistas, demonstrando como os alimentos e a culinária local podem se transformar em atrativos poderosos para os destinos turísticos. Além de proporcionar uma experiência sensorial única, a gastronomia funciona como uma porta de entrada para a imersão na cultura local, permitindo ao visitante explorar as tradições e o estilo de vida de uma região.

O Turismo Gastronômico é uma das formas mais enriquecedoras de conectar o viajante à cultura de um destino. Ao destacar as tradições alimentares de uma localidade, ele não só oferece uma imersão profunda na cultura, mas também gera impactos econômicos significativos, incentivando a produção e o consumo de produtos típicos.

Em Teresina, essa conexão entre gastronomia e turismo tem se mostrado uma ferramenta valiosa para promover a economia local e preservar a identidade cultural. Conhecer os sabores autênticos de um lugar é, sem dúvida, uma das maneiras mais intensas de se conectar com ele. Iniciativas como a "Rota Sabores do Meu Piauí", apoiada pelo SEBRAE-PI, são exemplos claros de como a gastronomia pode ser utilizada para atrair turistas e fortalecer a identidade cultural, tanto da cidade quanto do estado.

Embora o turismo de negócios e eventos seja o principal pilar de Teresina, o turismo gastronômico tem se consolidado como um segmento complementar de crescente importância. Reconhecida por sua culinária autêntica e diversificada, a cidade tem integrado cada vez mais a gastronomia nas experiências turísticas. Dessa forma, o turismo gastronômico não só complementa o perfil de negócios de Teresina, mas também amplia as opções para os visitantes, proporcionando uma vivência mais rica e diversificada da cultura local.

As possibilidades do turismo gastronômico em Teresina são diversas e convidativas, permitindo que os turistas mergulhem nos sabores e tradições locais de maneiras únicas. A cidade oferece uma gama de experiências, como:

Mercados Locais:


Teresina oferece uma variedade de mercados que permitem aos turistas conhecer de perto os ingredientes típicos da culinária local. O Mercado Central é um dos mais conhecidos e um excelente ponto de partida, oferecendo uma grande diversidade produtos artesanais, de produtos frescos, como frutas regionais, temperos e especiarias essenciais na gastronomia piauiense.


Mercado Central de Teresina - Foto: Reprodução

Além dele, o Mercado do Mafuá é outro local tradicional, onde é possível vivenciar a cultura popular e experimentar sabores autênticos do estado. Já o Mercado da Piçarreira é famoso pela venda de produtos típicos da região, como peixes frescos, carnes e outros itens característicos da culinária local.

Mercado Mafuá - Foto:Reprodução 

Para quem deseja explorar a produção agrícola do estado, o CEASA de Teresina é o local ideal. Com uma grande variedade de frutas, legumes e verduras, é possível adquirir ingredientes frescos e entender melhor o processo de produção dos alimentos que compõem as receitas piauiense.


CEASA- foto: Reprodução

Restaurantes Típicos:


Os restaurantes de Teresina são fundamentais para quem deseja se aprofundar na gastronomia local. A cidade oferece pratos tradicionais como carneiro guisado, o arroz de capote, a maria isabel (Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Piauí), preparados com ingredientes frescos que são encontrados nos mercados locais. Esses restaurantes são uma verdadeira imersão nos sabores do Piauí, permitindo que os visitantes experimentem a culinária de uma forma genuína.

Restaurantes de gastronomia internacional:

Além da gastronomia típica, Teresina também apresenta opções de cozinha contemporânea e cozinha internacional, com técnicas modernas e influências de diversas partes do mundo. Isso amplia ainda mais as opções para os visitantes.

Embora o mercado gastronômico piauiense demonstre notável expansão, ainda enfrenta desafios significativos em sua jornada de reconhecimento. O setor demanda investimentos consistentes na qualificação profissional para satisfazer um público cada vez mais exigente, bem como iniciativas estratégicas para promover os sabores típicos que constituem nosso patrimônio culinário. Apesar da extraordinária riqueza gastronômica que permeia Teresina e todo o estado, permanecemos como um tesouro a ser descoberto por grande parte dos brasileiros e turistas que visitam nosso país.


O que a cozinha piauiense tem? Tradição, história e identidade

Se o coração de um estado fosse uma panela, o Piauí certamente teria um caldeirão quente e perfumado, sempre a ponto de transbordar sabor e histórias.

A cozinha piauiense é um reflexo vivo da história e da cultura do estado. Para compreendê-la, é preciso olhar para suas raízes, profundamente marcadas pelas influências indígenas, africanas e portuguesas. Esses povos moldaram não apenas os sabores, mas também os hábitos alimentares que persistem até hoje, tornando a gastronomia do Piauí uma expressão autêntica de sua identidade.

A riqueza do território se traduz no uso de ingredientes nativos, como o caju, que se aproveita tudo, da castanha ao pedúnculo, que também dá origem à icônica cajuína – a bebida de origem indígena tradicional no Piauí, que tornou-se um símbolo da cultura nordestina e da identidade brasileira. Em 2014, seu valor histórico e cultural foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que a declarou Patrimônio Cultural Brasileiro.

Foto: Amandha Silveira


Outro ingrediente que não pode faltar à mesa é a farinha de mandioca, herdada dos indígenas, presente em farofas, fritos, pirões e na tradicional paçoca de carne de sol, um clássico do sertão. O cheiro-verde, composto por cebolinha e coentro, também é indispensável na finalização e tempero dos pratos típicos.

O estado se destaca como um dos maiores produtores de mel do Brasil. Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM 2023) do IBGE, o Piauí saltou da sexta para a segunda posição no ranking nacional, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul.

Entre os laticínios, o Piauí ostenta um produto singular: o requeijão cardoso – queijo de corte, artesanal, de sabor amendoado e textura firme. No que se refere às proteínas, o carneiro ocupa lugar de destaque na mesa do piauiense, seja em pernil assado ou no tradicional espinhaço guisado. Os miúdos também são aproveitados em pratos como sarapatel e buchada. A galinha caipira e o capote (galinha-d’angola) são outras preferências locais, dando origem a receitas emblemáticas como galinha ao molho pardo, galinhada, creme de galinha e arroz de capote.


Foto: Prato etapa estadual chef show. Menu Abraço - Piauí: Selim de carneiro com farofa de castanha de caju, vinagrete de feijão verde e esferas de cajuina.


Simples, autêntica e carregada de história, a culinária piauiense é um reflexo do seu povo: forte, generoso e ligado às suas origens. Muito além do sabor, cada prato traz consigo a tradição e a identidade de um estado que valoriza suas raízes e as transforma em cultura.

Da próxima vez que se sentar à mesa para saborear um prato piauiense, não pense apenas no que está no seu prato. Pense na terra, nas mãos que prepararam aquilo, nas histórias que moram ali e no que cada pedaço de comida representa para o povo dessa terra tão rica, mas que tem algo ainda mais precioso: sua comida.


Celebrando o Dia do Churrasco: Mais que comida, um ritual de sociabilidade

O aroma irresistível da carne na brasa, o burburinho das conversas, o brinde com os amigos... O churrasco transcende a simples refeição, elevando-se a um ritual de celebração e convívio.

A origem do churrasco remonta à pré-história, com o domínio do fogo. Quanto aos pratos típicos da culinária regional, a invenção do churrasco, carne assada nas brasas, é atribuída aos índios, assim como a farinha de mandioca, acompanhamento indispensável.

A celebração do Dia do Churrasco teve origem no Rio Grande do Sul, em homenagem à fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas, estabelecendo o dia 24 de abril como data comemorativa. A data foi oficializada pela Lei Estadual nº 11.929, de 2003, que reconheceu o churrasco à gaúcha como prato típico da região.

Foto: Amandha Silveira

Ao longo dos tempos, o churrasco manteve sua essência, a carne assada sobre brasas, mas ganhou novas dimensões. Hoje, ele é sinônimo de festividade, um momento especial que escapa à rotina, onde pessoas se reúnem para comer, beber e celebrar.

Seja em um almoço de domingo em família ou em uma grande comemoração, o churrasco serve como um pretexto para a reunião de pessoas que compartilham laços em comum.
E, como toda boa festa, o churrasco pede acompanhamentos à altura. Embora a maionese de batata e o pão de alho sejam sempre bem-vindos, a farofa e o vinagrete se consagram como os acompanhamentos indispensáveis. A farofa, com sua textura crocante e sabor marcante, e o vinagrete, com sua acidez refrescante, equilibram a suculência da carne e complementam o paladar.

Prepare a brasa, escolha a carne, convoque os amigos e familiares, e não se esqueça dos acompanhamentos essenciais! Que tal preparar um delicioso pão de alho para completar o seu churrasco e deixa-lo ainda mais saboroso!

Pão de alho

5 pães franceses
3 colheres de sopa de maionese
3 dentes de alho espremidos
3 colheres de sopa de manteiga com sal
2 colheres de sopa de requeijão
120 gramas de queijo muçarela picado ou ralado
Ervas de sua preferência e a gosto (opcional)

Faça alguns cortes nos pães, tomando cuidado para não abri-los totalmente; Misturar a maionese, o alho espremido, manteiga, requeijão e a muçarela picada ou ralada até formar uma pasta.

Colocar a pasta em cada corte do pão e levar para o forno pré-aquecido a 180º por aproximadamente 10 minutos ou até está gratinado.


Do prato ao insta: A revolução da comida instagramável

A apresentação visual dos alimentos sempre desempenhou um papel crucial na experiência gastronômica, e, nos dias de hoje, essa relação se intensifica. Estudos mostram que os consumidores associam as expectativas de sabor a partir de pistas visuais – seja pelo aspecto do alimento, do recipiente ou da forma como ele é apresentado. Alimentos esteticamente agradáveis têm maior chance de despertar uma atração visual e gerar uma percepção positiva sobre sua qualidade (MONROY-CESEÑA, 2021; MOTOKI, 2023). Na prática, a estética de um prato pode influenciar diretamente a aceitação e o consumo do mesmo.

Historicamente, a boa apresentação sempre foi valorizada. Na Roma Antiga, por exemplo, os banquetes eram eventos onde o poder e a riqueza eram demonstrados através não apenas da comida servida, mas da forma como ela era disposta e decorada (MEDEIROS, 2019).

Seja bem-vindo ao universo da comida 'Instagramável', onde a estética é tão importante quanto o sabor!

Foto: Amandha Silveira 

O Poder da Primeira Imagem

A culinária, que sempre foi uma arte, tornou-se ainda mais visual com o advento das redes sociais. Pratos que se assemelham a obras de arte, cuidadosamente decorados e com composições de tirar o fôlego, estão se tornando cada vez mais comuns. O grande desafio para os chefs agora não é apenas criar pratos saborosos, mas também desenvolver experiências visuais que se destaquem nas telas de smartphones.

Hoje, os consumidores buscam uma experiência sensorial completa – que começa no momento em que o prato é colocado à mesa e segue até a captura perfeita para o feed das redes sociais. Esse desejo por uma refeição que, além de deliciosa, seja visualmente impactante, reflete uma mudança de comportamento no mercado gastronômico.

A Ciência por Trás da Estética Irresistível

O impacto visual de um prato não é fruto do acaso, mas de uma estratégia cuidadosamente planejada. Chefs, fotógrafos e influenciadores colaboram para criar imagens que não só representam a comida, mas também transmite um estilo de vida. A psicologia das cores, aliada ao design meticuloso dos pratos, é usada para maximizar o impacto visual e despertar um desejo imediato. Ingredientes são dispostos de maneira harmônica, criando um equilíbrio que atrai os olhos e aguça o apetite.

A força dessa estética vai além do simples apelo visual. Em um cenário digital, a imagem de um prato no Instagram pode ser mais decisiva do que a descrição detalhada do cardápio, influenciando diretamente as escolhas dos consumidores. Em muitos casos, a foto perfeita tem o poder de gerar uma demanda instantânea por aquele prato específico, tornando-se um fator de marketing poderoso.

A comida 'Instagramável' não é mais apenas uma tendência passageira. Ela se tornou uma verdadeira revolução na forma como consumimos e compartilhamos experiências gastronômicas. Em um mercado altamente competitivo, onde a experiência de consumo precisa ser única e memorável, a estética dos pratos desempenha um papel fundamental. Restaurantes e chefs sabem que a imagem de um prato pode atrair novos clientes e fidelizar os antigos.

Estás pronto(a) para explorar o mundo da comida Instagramável?


Foto: Amandha Silveira 

Referências:

MEDEIROS, M.R. Poder e representações: a importância do banquete na Roma antiga. Humanidades em Revista - CCH-UNIRIO, V1, Nº 1, 2019-2. Disponível em: <Vista do PODER E REPRESENTAÇÕES: A IMPORTÂNCIA DO BANQUETE NA ROMA ANTIGA (unirio.br)> Acesso em: 01 de maio de 2024.

MONROY-CESEÑA, M.A. Calidad del servicio en restaurantes de Todos Santos (México) por concepto de género. Revista Universidade e Revista de Negócios, vol.23, no.40, Bogotá, jan./jun. 2021. Disponível em: <Calidad del servicio en restaurantes de Todos Santos (México) por concepto de género (scielo.org.co)> Acesso em: 02 de maio de 2024.

MOTOKI, K.; SPENCE, C.; VELASCO, C. When visual cues influence taste/flavour perception: A systematic review. Food Quality and Preference, Volume 111, 2023. Disponível em: <When visual cues influence taste/flavour perception: A systematic review - ScienceDirect> Acesso em: 01 de maio de 2024.


Mesa posta com sabor de Páscoa: momentos de convivência e partilha

A Páscoa é uma época especial, marcada pela celebração religiosa, mas também por momentos de convivência e partilha à mesa. Quando se trata de gastronomia, os cuidados com a escolha dos ingredientes, o preparo e a apresentação dos pratos são muito importantes. E foi com esse intuito que fui ao Sam’s Club para a realização do projeto "Do Mercado à Mesa Posta", que envolve a seleção dos melhores ingredientes, o passo a passo do preparo das receitas e, por fim, a montagem de uma mesa posta para a degustação da refeição preparada.

O primeiro passo de toda refeição memorável começa com a escolha dos ingredientes certos. Fui em busca de produtos frescos, de qualidade e que garantissem o sabor e a textura ideais para as receitas que seriam preparadas. Desde peixes até os legumes e ervas frescas que deram o toque final às preparações, tudo foi cuidadosamente escolhido para garantir uma refeição especial.

Para a Páscoa, que pede pratos mais festivos, optei por ingredientes que fossem saborosos e ao mesmo tempo oferecessem um preparo que fosse tanto sofisticado quanto acessível, garantindo um resultado delicioso e de fácil execução. A qualidade dos ingredientes escolhidos foi fundamental para o sucesso das receitas.

Com os ingredientes escolhidos, chegou a hora de colocar as mãos na massa! A cozinha foi o palco para o desenvolvimento das receitas, que foram pensadas para serem simples, porém sofisticadas, utilizando os ingredientes de qualidade.

O foco estava em manter o sabor, ao mesmo tempo em que a apresentação e os aromas de cada prato pudessem despertar os sentidos, visto que ao cozinhar, a experiência vai além do sabor: envolve os sentidos de visão, olfato e até a memória afetiva.

Após o preparo das deliciosas receitas, chegou o momento de montar a mesa posta. Esse é o toque final que transforma uma simples refeição em uma experiência única. Para a Páscoa, escolhi uma mesa que fosse aconchegante e convidativa, com elementos que remetessem à celebração e à tradição, sem deixar de lado a praticidade e a elegância.

A mesa foi cuidadosamente arrumada com peças que harmonizassem entre si, respeitando as premissas de higiene e funcionalidade da etiqueta. O uso de talheres, copos e louças adequados, além da escolha dos elementos decorativos, são essenciais para que a refeição seja não apenas deliciosa.

Foto: Amandha Silveira

A estética da mesa posta, aliada ao ambiente acolhedor, contribui para criar uma atmosfera que estimula a convivência e a troca de experiências. Afinal, a refeição não se limita ao prato servido, mas ao momento compartilhado à mesa. A decoração pensada para a Páscoa foi pensada de forma a dar leveza, mas também a resgatar o simbolismo e o afeto que envolvem essa data tão especial.

É importante destacar que a gastronomia e a mesa posta são práticas que se convergem para criar momentos de convivência e afeto, fortalecendo os laços sociais e familiares. E a série "Do Mercado à Mesa Posta" tem esse objetivo: mostrar que uma boa refeição vai muito além do simples ato de cozinhar, uma vez que a escolha cuidadosa dos ingredientes, o preparo atencioso das receitas e a montagem da mesa fazem toda a diferença na criação de uma experiência completa.

Ao planejar cada etapa do processo com carinho e dedicação, conseguimos transformar o simples ato de comer em um ritual de prazer e união. No final das contas, não é apenas o que se serve à mesa que importa, mas a experiência de compartilhá-la, celebrando a vida e os momentos que ela nos proporciona.

Para ver todos os detalhes das receitas e a montagem da mesa, acompanhe @amandhassilveira! Lá você encontrará o passo a passo completo de cada preparação, desde a cestinha de salmão, passando pelo delicioso bacalhau à lagareiro como prato principal, até a irresistível torta de chocolate com caramelo salgado. Não perca a chance de se inspirar e reproduzir essa refeição especial para a sua Páscoa!

Mesa Posta de Páscoa: https://www.instagram.com/reel/DIolpbasZYg/?igsh=M2RzOXRnM291cWZv

Cestinha de salmão com guacamole: https://www.instagram.com/reel/DIjMdeRsEq5/?igsh=MXJ5ZTkxMzlpZnFmcw==

Bacalhau à lagareiro: https://www.instagram.com/reel/DIjrrrgpPNN/?igsh=Ymp0bmJmcjRueHN5

Torta de chocolate com caramelo salgado: https://www.instagram.com/reel/DImKeC0pNJO/?igsh=MWdlbHhjbjJxcjZncg==


Receitas especiais para celebrar o domingo de Páscoa

A Páscoa é um momento de renovação, esperança e celebração. Após o período reflexivo da Quaresma, o Domingo de Páscoa nos convida a reunir familiares e amigos ao redor da mesa para desfrutar de uma refeição especial. Aqui, apresentamos três receitas deliciosas que certamente farão o seu almoço de Páscoa inesquecível.


ENTRADA: SALMÃO GRELHADO COM GUACAMOLE EM CESTINHAS DE MASSA FILO

Foto: Reprodução 

Ingredientes:

150 g de massa filo

150 g de Filé de salmão

2 colheres de sopa de Azeite extra virgem

½ unidade de Suco de Limão taihi

3 colheres de sopa de Cebolinha picada

1 colher de chá de Gengibre ralado

1 colher de sopa de Óleo de gergelim

Salsinha picada à gosto

2 Avocados

1 Tomate

½ Cebola roxa

Sal

Pimenta preta moída


Modo de Preparo:

Preaqueça o forno a 180°C. Unte ligeiramente os quadrados de massa filo com óleo ou manteiga e acomode-os em forminhas de cupcakes, para fazer cestinhas ou em formatos quadrados estendidos na assadeira. Asse até dourar. Repita o procedimento até acabarem os quadrados de massa. Essa etapa pode ser feita com antecedência – guarde as cestinhas num recipiente hermético. 

Corte o salmão em cubinhos, num bowl, tempere o salmão com o gengibre ralado, óleo de gergelim, alho sal e pimenta e grelhe rapidamente em frigideira quente untada com azeite e reserve. 

Cortar em cubos pequenos os tomates e cebola roxa, misturar salsinha picada, e o avocado cortado em cubos ou amassado. Temperar com suco de limão e sal. Na hora de servir, coloque o guacamole e o salmão grelhado em cada cestinha e decore com salsinha picada ou brotos.



PRATO PRINCIPAL: BACALHAU À LAGAREIRO

Foto: Reprodução 

Ingredientes:

1 kg de Lombo de Bacalhau

5 Batata 

4 dentes de Alho

1 unidade de Alho poró

4 Cebolas

15 unidades de Azeitona gordal 

1 unidade de Pimentão vermelho

1 unidade de Pimentão amarelo

Sal à gosto

Pimenta preta à gosto

350 ml de Azeite extra virgem

1 unidade de Pão italiano

1 maço de Salsinha fresca

Água


Modo de Preparo:

Lave bem as batatas e cozinhe-as em água com sal até ficarem macias, mas ainda firmes. Escorra e reserve. Coloque os pedaços de bacalhau em um refratário. Disponha as batatas, e as cebolas perolas, os pimentões cortados em tiras e as azeitonas ao redor do bacalhau. Amasse os dentes de alho e espalhe-os. Regue generosamente com azeite extravirgem. Tempere com sal e pimenta preta moída na hora. Leve o refratário ao forno pré-aquecido por cerca de 30-35 minutos, ou até que o bacalhau e as batatas e as cebolas estejam douradas. Decore com salsa fresca picada e sirva quente. O Bacalhau à Lagareiro é geralmente servido como prato principal, acompanhado de pão para absorver o delicioso azeite aromatizado com alho.



SOBREMESA: TORTA DE CHOCOLATE COM GANACHE DE FRANGÉLICO E CARAMELO SALGADO

Foto: Reprodução 

Ingredientes:

Para a base:

100 g de açúcar cristal

250g de manteiga sem sal

400 g de farinha de trigo sem fermento

100g de chocolate em pó 50% cacau

Para o ganache:

400g de chocolate meio amargo

440g de creme de leite

Para o caramelo:

200g de açúcar cristal

200g de creme de leite

395g de leite condensado

Flor de sal


Modo de Preparo:


Para a base, misturar todos os ingredientes até obter uma massa uniforme. Dispor em uma assadeira de fundo removível e levar para o forno pré-aquecido a 180º para assar.

Para o ganache, aqueça o creme de leite e junte o chocolate mexendo até incorporar. 

Para o caramelo, aqueça o açúcar com o até virar caramelo, junte o creme de leite fresco quente e misture bem. Acrescente o leite condensado e dê o ponto de brigadeiro cremoso e acrescente uma pitada de sal.

Estas receitas foram cuidadosamente selecionadas para criar um menu de Páscoa memorável. Que estas receitas possam contribuir para tornar sua celebração ainda mais especial, repleta de sabores deliciosos e momentos inesquecíveis ao lado de quem você ama. Feliz Páscoa e bom apetite!


Links com os preparos:

Cestinha de salmão com guacamole: https://www.instagram.com/reel/DIjMdeRsEq5/?igsh=MXJ5ZTkxMzlpZnFmcw==

Bacalhau à lagareiro: https://www.instagram.com/reel/DIjrrrgpPNN/?igsh=Ymp0bmJmcjRueHN5

Torta de chocolate com caramelo salgado: https://www.instagram.com/reel/DImKeC0pNJO/?igsh=MWdlbHhjbjJxcjZncg==


A Quaresma: Tradições alimentares e suas raízes históricas

Quem não tem memórias da Semana Santa, especialmente aquelas de infância? Eu, por exemplo, lembro-me bem das vezes em que passava o período da Semana Santa no interior. A casa cheia, mesa farta estava sempre repleta de bolos caseiros, tortas e pratos quentes, onde a tradição alimentar não era apenas uma prática religiosa, mas também uma maneira de fortalecer os laços.

A Quaresma, um período litúrgico de 40 dias que antecede a Páscoa, representa para os cristãos uma jornada de profunda reflexão, penitência e renovação espiritual. Historicamente, o período quaresmal foi instituído para recordar os 40 dias em que Jesus Cristo jejuou no deserto, um momento crucial antes de iniciar seu ministério público.  

Durante esse tempo, práticas como o jejum e a abstinência de certos alimentos não são apenas rituais, mas também elementos centrais que moldam a culinária, especialmente em regiões com forte tradição religiosa. A Quaresma tem seu início na Quarta-feira de Cinzas e culmina na véspera do Domingo de Páscoa, e suas tradições alimentares estão intrinsecamente ligadas à história e às práticas religiosas que visam a purificação tanto do corpo quanto da alma, simbolizando a busca por uma conexão mais profunda com a fé e renúncia.


Imagem: Reprodução 

As tradições alimentares da Quaresma são marcadas pela restrição de carne vermelha, simbolizando um sacrifício pessoal em memória do sacrifício de Cristo. Essa abstinência abre espaço para uma rica variedade de pratos à base de peixes, frutos do mar, legumes e grãos. Em países com forte tradição católica, a Quaresma também está ligada a receitas típicas que misturam influências religiosas, culturais e regionais, criando uma tapeçaria gastronômica única.

No Brasil, o consumo de peixe durante a Quaresma se tornou uma tradição profundamente enraizada, com destaque para pratos elaborados com bacalhau. O bacalhau, um ingrediente versátil e saboroso, aparece em diversas versões, desde o clássico Bacalhau à Brás até receitas mais elaboradas e sofisticadas. Além do bacalhau, outros peixes como sardinha, pescada, salmão e tilápia ganham destaque, frequentemente acompanhados de frutos do mar, e preparados de diversas formas: assados, cozidos, fritos ou em ensopados, oferecendo alternativas saborosas e nutritivas.

A mesa quaresmal brasileira também se enriquece com uma grande variedade de pães, bolos e tortas, que são acompanhamentos perfeitos para as refeições, trazendo um toque de aconchego e tradição.

É importante mencionar, que as tradições alimentares da Quaresma não se restringem apenas ao âmbito religioso, mas também exercem um impacto significativo na cultura e na sociedade. Os pratos quaresmais são frequentemente compartilhados em família e entre amigos, fortalecendo os laços sociais e transmitindo valores e costumes de geração em geração. Além disso, a Quaresma impulsiona a economia, incentivando o consumo de peixes, frutos do mar e outros produtos típicos da época.

Seja para celebrar a Quaresma, fortalecer os laços familiares ou simplesmente desfrutar de uma boa refeição, a gastronomia tem o poder de tornar cada momento ainda mais especial. Então, no próximo artigo, trarei três receitas que celebram esse período especial do ano, começando por sugestão de entrada, seguida do prato principal e sobremesa e, conto com a sugestão de vocês para indicar quais receitas querem ver aqui.


O mistério do sabor único: Descubra o ingrediente invisível

Imagine duas cozinhas idênticas, dois conjuntos idênticos de ingredientes, duas pessoas seguindo a mesma receita à risca — ou até a mesma pessoa em dias distintos. E, ainda assim, ao provar os pratos finais, percebemos uma diferença sutil, porém inegável. É como se houvesse um ingrediente secreto, algo que não está escrito em nenhum lugar, mas que faz toda a diferença. O que poderia explicar essa variação aparentemente inexplicável?

Será que é o toque humano? Cada pessoa traz consigo uma história, uma energia, uma presença única, que de algum modo se infiltra no processo de cozinhar. Pense nas mãos que preparam a comida. Elas não estão apenas seguindo uma receita; estão carregadas de histórias, emoções e um toque singular. A alegria, a saudade, a paixão... tudo isso entra na panela!

Talvez o ingrediente invisível seja exatamente isso: a alma do cozinheiro dentro do prato. A felicidade de cozinhar para quem amamos, a saudade de um prato da infância, ou a vontade de aperfeiçoar uma técnica. Cada emoção, cada intenção, parece se infiltrar sutilmente no resultado final.

Sabe aquele bolo da avó, que tem o gosto da infância? Ou aquele prato que você prepara com tanto carinho para alguém especial? Os sentimentos são como temperos invisíveis, que realçam os sabores e tornam cada receita única.

Não podemos ignorar o ambiente em que o prato é preparado e consumido. Onde a comida é feita e saboreada também importa. A luz que entra pela janela da cozinha, os sons ao redor, o aroma que invade o ar enquanto se cozinha. Todos esses elementos criam uma atmosfera singular, que se torna parte da experiência gastronômica.

Talvez o segredo esteja na imperfeição. Como diz o provérbio francês: “A perfeição é o inimigo do bom.” E isso faz todo sentido. As pequenas variações, os “erros” quase imperceptíveis, as adaptações instintivas que cada cozinheiro faz — um punhado a mais de farinha, um minuto a mais no fogo, ou uma pitada extra de tempero colocada por intuição — essas imperfeições, de maneira paradoxal, são o que tornam cada prato único e especial.


Foto: IStok banco de imagens 

E não podemos esquecer que o sabor não está apenas no prato, mas também na percepção de quem o prova. As expectativas do comensal, as memórias gustativas e o estado de espírito no momento da refeição. Todos esses fatores se combinam para criar uma experiência irrepetível.

A cozinha é um espaço de troca, de energia e intenção. Quem nunca experimentou o gosto de uma comida feita com pressa, sem vontade, meio sem alma? Da mesma forma, já sentiu o sabor de um prato simples, mas que parecia um abraço, por ser preparado com carinho e atenção.

Não é misticismo, é percepção. Quando cozinhamos irritados, impacientes ou cansados, tendemos a cortar ingredientes sem cuidado, errar no sal, ou não dar o tempo adequado para que os sabores se desenvolvam. Já quando estamos felizes e presentes no momento, cada detalhe recebe mais atenção, e o resultado final reflete esse cuidado.

O “ingrediente invisível” é, na verdade, uma combinação de fatores tão sutis quanto poderosos. É a soma de quem somos, como nos sentimos, onde estamos e como percebemos o mundo ao nosso redor. É a magia que transforma o simples ato de seguir uma receita em uma verdadeira expressão de humanidade.

Nem sempre é só a técnica ou a qualidade dos ingredientes. O estado de espírito de quem cozinha também tempera o prato. Por isso, antes de começar a cozinhar, respire fundo. Sinta os ingredientes, organize a bancada, coloque uma música que te inspire. Cozinhar é mais do que seguir etapas — é colocar um pouco de si em cada prato. Afinal, o humor pode não ser um ingrediente visível, mas é, sem dúvida, um dos mais importantes.

Da próxima vez que você cozinhar ou saborear um prato, lembre-se: o verdadeiro sabor não está só nos ingredientes listados, mas também naquele elemento misterioso e invisível que torna cada refeição uma experiência única. É o tempero da alma, o sabor da vida.


Qualificação profissional na gastronomia: Desafios e oportunidades

Com o crescimento significativo do setor de alimentação fora do lar no Brasil, torna-se ainda mais crucial investir na qualificação profissional para atender à crescente demanda por serviços de qualidade. Em fevereiro de 2025, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) registrou um aumento expressivo neste setor, destacando o papel fundamental de bares e restaurantes na economia nacional. Este crescimento não apenas reforça a capacidade do setor de gerar oportunidades de trabalho em tempos desafiadores, mas também aponta para o seu potencial contínuo de expansão, evidenciando a relevância do setor no mercado de trabalho brasileiro.

Nos últimos anos, o mercado de trabalho na gastronomia tem se expandido consideravelmente. A crescente valorização da culinária, seja como expressão cultural ou artística, aliada às mudanças nos hábitos alimentares, tem gerado novas oportunidades, mas também novos desafios para os profissionais da área. O aumento de empregos formais e a melhoria nos salários, divulgados pela Abrasel, ressaltam a importância de profissionais bem preparados para atender às demandas de um mercado em constante crescimento.

Nesse contexto, a qualificação profissional não apenas amplia as chances de inserção no mercado de trabalho, mas também contribui para o avanço do setor como um todo. Profissionais bem capacitados têm o potencial de impulsionar inovações, melhorar a qualidade dos serviços prestados e fortalecer a gastronomia como um pilar importante da economia. A formação contínua e a atualização constante são fundamentais, pois as tendências e preferências dos consumidores estão em constante mudança. Investir na qualificação não é apenas uma estratégia de crescimento pessoal, mas também um fator crucial para o desenvolvimento sustentável e a excelência do setor de alimentação.


Foto: Reprodução

A qualificação na gastronomia é um tema multifacetado que envolve diversas frentes de formação e atuação. A escassez de mão de obra qualificada se configura como um desafio crescente, que envolve tanto as estruturas educacionais quanto as especificidades das funções dentro deste setor. Para entender melhor esse cenário, é importante explorar as diferentes formas de qualificação e os impactos de cada uma delas.

Na gastronomia, existem diversas formas de formação profissional, cada uma com suas particularidades, vantagens e desafios. Alguns profissionais optam por cursos de graduação, que oferecem uma base teórica e oportunidades para pesquisa, embora nem sempre sejam acessíveis a todos. Outros preferem a aprendizagem prática, que se concentra na experiência direta e no conhecimento adquirido por meio da prática, mas que pode limitar a exposição a conceitos teóricos mais profundos. Além disso, há os cursos técnicos, que são voltados para o desenvolvimento de habilidades práticas específicas, permitindo uma qualificação mais rápida e focada. A escolha da melhor forma de qualificação depende, portanto, dos objetivos profissionais e das necessidades do mercado, refletindo as diferentes formas de se preparar para uma carreira na área.

A gastronomia, sendo uma arte, exige experimentação, adaptação e evolução. A integração entre teoria e prática é essencial para a qualificação profissional de um cozinheiro. Uma receita, por exemplo, é apenas um guia. Como diz o chef Thomas Keller, “Uma receita não tem alma. Você, como cozinheiro, deve dar alma à receita.” Isso significa que, ao seguir uma receita sem questioná-la ou buscar alternativas, o profissional limita seu processo criativo. A inovação culinária vai além de simplesmente seguir etapas; envolve entender a química dos alimentos, as interações entre texturas e sabores, e explorar as possibilidades de criação.

Para transformar esse cenário, é necessário um maior investimento em educação gastronômica, que combine tanto a teoria quanto a prática. A qualificação na gastronomia é um campo vasto, que une arte, ciência e gestão. O sucesso nesse setor exige uma combinação de formação técnica, experiência prática, criatividade e aprendizado contínuo - imprescindíveis para esse mercado dinâmico e cheio de oportunidades.

Em suma, a qualificação profissional na gastronomia não apenas amplia as perspectivas de carreira, mas também fortalece todo o setor, impulsionando a inovação, a qualidade dos serviços e o desenvolvimento econômico. O futuro da gastronomia depende, em grande parte, da formação de profissionais capacitados que saibam combinar conhecimento técnico com criatividade e adaptabilidade.


A realidade por trás dos fogões: O lado B das cozinhas profissionais

Muitas vezes, as cozinhas profissionais são vistas como espaços mágicos, onde a paixão pela gastronomia se mistura com o talento e a criatividade dos chefs. Essa ideia de que "cozinhar é um ato de amor" traz uma imagem romântica, mas que, na prática, dista muito da realidade enfrentada por quem está atrás dos fogões.

A verdade é que a rotina nas cozinhas profissionais vai além da arte culinária. O dia a dia desses profissionais é marcado por horas exaustivas, pressão constante e um ambiente onde cada segundo conta. A busca incessante pela perfeição se mistura com o cansaço físico e emocional, e isso não é algo fácil de lidar. Imagine o calor intenso das cozinhas, o barulho constante dos utensílios, as altas temperaturas e a pressão para entregar pratos impecáveis no tempo certo. Não é apenas sobre fazer comida, mas sobre resistir a um teste constante.

O trabalho em uma cozinha profissional exige muito mais do que habilidades técnicas. Requer preparo físico e mental, além de uma capacidade impressionante de manter a calma mesmo sob pressão. A Organização Mundial do Trabalho (OIT) já alertou que o estresse constante pode gerar problemas de saúde sérios, como dores musculares, doenças cardíacas, problemas digestivos, sem emocionar os diversos transtornos mentais depressivos, ansiosos, síndrome do pânico, Síndrome de burnout. E, para quem trabalha na cozinha, conciliar a vida pessoal com esse ritmo frenético é um desafio constante, o que só aumenta o nível de estresse.


Foto: Reprodução


Diferente da cozinha em casa, onde preparamos pratos para a família e amigos em um ambiente de carinho, a cozinha profissional tem outro objetivo. Ali, a missão é atender a um grande número de pessoas desconhecidas, sempre com o foco em proporcionar uma experiência gastronômica de alto nível. O trabalho é altamente exigente e está sempre relacionado à satisfação do cliente. A rapidez, a dedicação e a resistência se tornam fundamentais, e os cozinheiros muitas vezes são movidos pela reação do público e pela constante busca por reconhecimento.

Por isso, é importante enxergar além da visão glamourosa que a mídia frequentemente transmite sobre a profissão. O que vemos nas telas e nas redes sociais nem sempre é a verdadeira realidade da cozinha profissional. Os chefs e cozinheiros enfrentam desafios diários que exigem muito mais do que uma simples habilidade culinária. Eles precisam de resistência física, emocional e, claro, muita paixão para lidar com as exigências dessa profissão. A busca pela perfeição, a competição constante e o desejo de reconhecimento podem afetar a saúde física e mental desses profissionais, tornando suas jornadas muito mais desafiadoras do que parecem à primeira vista.

Por fim, vamos valorizar e respeitar o trabalho daqueles que fazem da cozinha um lugar de criatividade e esforço, transformando ingredientes em arte. Eles merecem nosso reconhecimento, pois o glamour das cozinhas profissionais é muito mais complexo do que imaginamos. Se você também acredita na importância dessa reflexão, compartilhe este texto com seus amigos apaixonados por gastronomia. Vamos juntos dar mais valor aos profissionais que tornam o mundo da culinária tão especial!


Criando tradições que transformam vínculos e momentos

Aqui em casa, domingo é o dia da massa e de mesa posta. Quando meus filhos perguntam qual é o dia da semana e respondemos que é domingo, eles comemoram, pois sabem que teremos macarrão e que “a mamãe vai colocar tudo na mesa” – ou seja, decorar a mesa com carinho. Da mesma forma, quando me veem às sextas-feiras à noite, separando a louça, já sabem que “a mamãe e o papai vão jantar só eles".

Outro fato que aquece o coração é perceber que esse hábito familiar foi absorvido de forma genuína. Meu filho mais velho compreendeu o valor de cultivar laços afetivos e dedicar tempo de qualidade a quem amamos. Ele entendeu que pequenos gestos, quando feitos com intenção, se tornam essenciais e criam conexões profundas. Hoje, percebo com frequência como ele e sua namorada também fazem questão de compartilhar momentos assim. Isso é a prova de que o ditado popular está certo: a palavra convence, mas o exemplo arrasta.

Além desses dois dias, diariamente a mesa é montada de forma simples e funcional, mesmo que os afazeres do trabalho, da faculdade e a rotina escolar das crianças às vezes dificultem ou nos impeçam de nos sentarmos todos à mesa. Contudo, não perco nenhuma oportunidade de estarmos reunidos, mesmo que seja uma mesa simples, porque entendo que esses pequenos rituais criam uma atmosfera única em casa, não apenas pela comida, mas pela conexão que esses momentos proporcionam.


Foto: Amandha Silveira 

O convívio familiar permite a criação de tradições, fortalecem os laços, criam lembranças afetivas e promovem associação de aconchego e felicidade. E a despeito das tradições alimentares em família, podemos relacionar as evidências científicas mencionadas por Sueli Moreira em estudo dos aspectos históricos e antropológicos da alimentação, que apontam a importância das refeições em família e que estas contribuem para a melhor qualidade de vida. Sentar-se à mesa juntos é uma oportunidade única para fortalecer a comunicação e a interação entre os membros da família.

“Atualmente vários estudos interdisciplinares têm identificado que a refeição em família contribui para o bom estado nutricional, relacional e para melhor qualidade de vida”. (SUELI MOREIRA)

Claro, a rotina pode ser corrida e nem sempre é possível fazer isso todos os dias, mas é viável adaptar e criar momentos significativos. Comece com pequenos passos: reserve o domingo para um almoço especial ou um café da manhã mais tranquilo, e gradativamente vá aumentando a frequência, sem esperar uma ocasião especial ou data comemorativa para vivenciar essa experiência.

Outras orientações consistem em simplificar o processo, não precisam ser mesas elaboradas todas as vezes - comece com configurações mais simples, a praticidade ajuda a manter a constância. Envolva a família no processo de preparar a mesa; utilize itens que já possui, experimente criar combinações e crie uma atmosfera especial e agradável.

Então, comece aos poucos e seja constante, de modo que a ação seja incorporada às suas rotinas de forma prazerosa e não por obrigação, possibilitando a construção de memórias afetivas.

Pronto para criar memórias inesquecíveis ao redor da mesa? Dedique um momento da sua semana para fortalecer as tradições em sua casa e crie lembranças que vão perdurar por gerações. A mesa está posta para você e sua família!

Referência:

MOREIRA, Sueli Aparecida. Alimentação e Comensalidade: Aspectos históricos e antropológicos. Disponível em:  4_NT_SBPC_33_p19a51.indd


Páscoa 2025: o que está por trás dos preços altos do chocolate?

Com a aproximação da Páscoa, um período tradicionalmente marcado pela celebração e pelo consumo de chocolate, os consumidores se deparam com um cenário desafiador. Além dos preços elevados dos chocolates, observa-se uma crescente oferta de produtos rotulados como "sabor chocolate", que se apresentam como alternativas mais acessíveis em relação ao chocolate tradicional. No entanto, essa mudança nas fórmulas de diversos produtos reflete uma queda significativa na qualidade, uma vez que a principal matéria-prima do chocolate, o cacau, é substituída por ingredientes mais baratos, comprometendo a experiência sensorial.

O cultivo do cacau é uma arte que exige condições climáticas específicas, prosperando em regiões quentes e úmidas próximas à linha do Equador. Os principais produtores incluem países como Costa do Marfim, Gana, Equador, Camarões, Nigéria, Brasil, Indonésia e Papua Nova Guiné. No entanto, essas regiões têm enfrentado desafios complexos, como fenômenos climáticos extremos e pragas devastadoras, resultando em uma escassez preocupante de cacau nos últimos anos. Como consequência direta, os preços do cacau dispararam, chegando a quadruplicar nos últimos dois anos, superando até mesmo a inflação.



Foto: Amandha Silveira 

De acordo com Zélia Frangioni, escritora e autora do Chocólatras Online, a crise no mercado de cacau impôs aos fabricantes três alternativas desafiadoras para equilibrar os custos de produção:

  1. Reduzir a quantidade de cacau: Para manter o preço e o tamanho dos produtos, muitas empresas optam por diminuir a quantidade de cacau em suas fórmulas. Essa estratégia, embora compreensível do ponto de vista econômico, inevitavelmente resulta em uma diminuição da qualidade do produto final, afetando o sabor e a textura que os consumidores esperam encontrar.
  2. Manter qualidade e tamanho, mas aumentar o preço: Outra alternativa é preservar a qualidade e o tamanho do produto, mas aumentar o preço para cobrir os custos mais altos. No entanto, essa opção pode afastar consumidores que, já impactados pela inflação, hesitam em pagar mais por um produto similar ao que compravam antes. A sensibilidade ao preço se torna um fator crucial na decisão de compra.
  3. Diminuir o tamanho, mantendo preço e qualidade: Algumas marcas tentam preservar a qualidade e o preço do produto, mas reduzem o tamanho da embalagem. Embora essa estratégia possa preservar o sabor, ela pode deixar os consumidores com a sensação de estarem recebendo menos por um preço mais alto. A percepção de valor é fundamental nesse cenário.

Essas alternativas revelam uma realidade complexa e desafiadora, tanto para os consumidores quanto para os fabricantes, que precisam lidar com o aumento dos custos e a escassez de cacau.

Diante desse cenário, a Páscoa de 2025 se apresenta como um momento de reflexão sobre nossas escolhas de consumo. É essencial que os consumidores estejam conscientes das estratégias adotadas pelos fabricantes para enfrentar a crise do cacau e avaliem cuidadosamente os rótulos dos produtos, buscando opções que equilibrem preço e qualidade. Priorizar a qualidade e o sabor autêntico do chocolate pode ser uma forma de valorizar o trabalho dos produtores de cacau e garantir uma experiência mais gratificante nesta Páscoa.


Hoje é o Dia do Pão Francês! O pãozinho nosso de todo dia!

O pão é um alimento básico e de longa tradição na história da humanidade, consumido por diversas civilizações, muito antes de Jesus Cristo, que já ensinava a importância da partilha do pão entre os homens. No Brasil, o pão chegou com os colonizadores portugueses, que trouxeram consigo o hábito de consumi-lo diariamente. Já o pão francês, apesar do nome, como conhecemos no Brasil, não é exatamente uma criação francesa. Sua história é mais complexa e envolve uma fusão de diversas influências culturais.

No início do século XX, a França era o principal centro gastronômico do mundo e a elite brasileira nutria uma profunda admiração pela cultura francesa. Muitos jovens viajavam a Paris para estudar e, ao retornar, traziam consigo não apenas conhecimentos acadêmicos, mas também hábitos e costumes franceses. Inspirados pelos pães da França, os padeiros brasileiros começaram a adaptar as receitas locais, utilizando ingredientes típicos e aprimorando as técnicas de panificação. O resultado foi um pão com características singulares: casca crocante, miolo macio e branco, e um sabor levemente adocicado.

Essa adaptação foi fundamental para a popularização do pão, pois os ingredientes eram mais acessíveis e o processo de produção se adequava à realidade das padarias brasileiras. O nome "pão francês" provavelmente surgiu como uma estratégia para associar o produto à sofisticação e qualidade dos alimentos franceses, altamente valorizados na época.



Foto: IStock 

O pão francês é um item tradicional e amplamente consumido na cultura alimentar brasileira. É um alimento que faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros. Consumido no café da manhã, no lanche da tarde e até no jantar, o pão francês acompanha manteiga, queijo, presunto, requeijão ou, simplesmente, é saboreado puro. Sua versatilidade permite que seja utilizado de diversas formas, seja como base para sanduíches, torradas, bruschettas ou outras receitas criativas. É um alimento democrático, que agrada a todos os paladares e está presente em todas as classes sociais. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP), esse fator o torna crucial para o setor de panificação e confeitaria, sendo um grande gerador de fluxo de clientes. O pão francês é, sem dúvida, um item estratégico nas empresas do ramo.

Com o tempo, o pão francês se firmou como um dos mais consumidos no Brasil, preservando sua essência, embora com algumas variações na receita original. Seu preparo passa por diversas etapas: a mistura dos ingredientes, a sova da massa, a fermentação, a modelagem e o assamento em forno quente. A crocância característica da casca é obtida por meio da injeção de vapor nos primeiros minutos do processo de assamento.

A norma ABNT NBR 16170, que trata da "Panificação – Pão Tipo Francês – Diretrizes para Avaliação da Qualidade e Classificação", trouxe uma grande oportunidade para o segmento de panificação e confeitaria. Ela possibilitou melhorias na qualidade do pão francês produzido no Brasil, com base na avaliação de características externas, internas e sensoriais do produto, como crosta, aparência, miolo e sabor, entre outras.

O pão francês continua a evoluir, adaptando-se às novas tendências e demandas do mercado. Variações como o uso de farinhas especiais, integrais, além da redução de sal e açúcar, são algumas das alternativas encontradas para atender ao crescente desejo por uma alimentação mais saudável. Mas uma coisa é certa: o pão francês permanecerá como um ícone nas mesas dos brasileiros por muitos e muitos anos.

Para aproveitar todo o sabor do pão francês, nada melhor que um sanduíche simples e delicioso. Aqui vai uma sugestão de receita:

Sanduiche de pastrami ou mortadela

 Ingredientes:

  • 1 pão francês
  • 2 fatias de pastrami ou mortadela
  • 2 fatias de queijo (muçarela ou prato)
  • 1 folha de alface
  • Pepino fatiado
  • Cenoura ralada (a gosto)
  • Maionese ou mostarda (opcional)
  • Sal e pimenta a gosto

Modo de preparo:

  1. Corte o pão francês ao meio, sem separar completamente as duas partes.
  2. Se preferir, aqueça as fatias de queijo no micro-ondas ou em uma frigideira até o queijo derreter.
  3. Passe um pouco de maionese ou mostarda nas partes internas do pão, caso deseje um toque a mais de sabor.
  4. Monte o sanduíche: coloque as fatias de pastrami, queijo, alface, pepino e cenoura no pão. Tempere com sal e pimenta a gosto.
  5. Feche o sanduíche e sirva imediatamente. Aproveite a crocância do pão com o recheio saboroso!

Esse sanduíche é perfeito para um lanche rápido e delicioso, aproveitando a versatilidade do pão francês.


A origem e a importância do democrático cuscuz na culinária brasileira

O cuscuz é um prato que transcende culturas, regiões e gerações, com uma história rica e multifacetada que simboliza resistência cultural e adaptação. Reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2020, o cuscuz é uma verdadeira expressão cultural alimentar refletindo as influências indígenas, africanas e europeias.

A história do cuscuz começa no Norte da África – do Egito a Marrocos, onde o prato tem suas raízes. Originalmente, o cuscuz era feito a partir de trigo, em um processo de cozimento a vapor e poderiam ser combinados com diversos ingredientes, como caldo de carnes e legumes, com leite e açúcar, com uvas passas ou tâmaras.

O cuscuz se espalhou por outras regiões do Mediterrâneo e do Oriente Médio, onde foi aprimorado e adaptado por diferentes culturas. No livro História da Alimentação no Brasil, o historiador e sociólogo potiguar Luís da Câmara Cascudo, descreve que quando os portugueses e africanos chegaram ao Brasil, já conheciam o cuscuz, e o prato teve um papel importante nas trocas culturais que ocorreram durante o processo de colonização.

Embora sua origem remonte à África, foi na diversidade cultural do Brasil que o cuscuz encontrou uma nova identidade, transformando-se em um dos símbolos gastronômicos do país. Câmara Cascudo descreve a chegada do cuscuz ao Brasil de forma reveladora: "Certo é que portugueses e africanos vieram para o Brasil conhecendo o cuscuz. Aqui é que ele se fez de milho e molhou-se no leite de coco".


Foto: Amandha Silveira 


O milho, ingrediente que dominava as terras brasileiras e era amplamente utilizado pelos povos indígenas, tornou-se a base para a preparação do cuscuz no Brasil, uma mudança significativa que reflete a adaptação do prato às condições locais. Câmara Cascudo observou: "O cuscuz de milho foi solução brasileira, americana, onde o Zea mayz (milho) dominava". Esse processo de adaptação não se limitou a uma simples substituição de ingredientes, mas foi resultado da interação entre diferentes culturas – indígenas, africanas e portuguesas – que criaram uma versão única do prato.

No Brasil, o cuscuz se tornou um prato altamente regionalizado, com variações de preparo e ingredientes conforme a região. No Nordeste, o cuscuz de milho é uma iguaria tradicional, enquanto o cuscuz de arroz também conquistou popularidade. Ambos são servidos de diversas formas, desde o cuscuz simples, acompanhado de manteiga, até versões mais elaboradas, com ovos, queijo coalho, carne de sol desfiada e outros ingredientes.

Uma outra variação do cuscuz é o cuscuz paulista, típico de São Paulo. Preparado com farinha de milho amarela, é enriquecido com legumes como cenoura e ervilha, além de ingredientes como ovos cozidos, frango desfiado, sardinha ou camarões. A receita leva temperos como alho, cebola, tomate, pimentões e um caldo de peixe ou frango. Moldado em forma redonda, o cuscuz paulista adquire uma textura firme e compacta.

Assim, o cuscuz se mantém como um dos pratos mais tradicionais e celebrados do Brasil. Ao longo do tempo, passou por transformações significativas, incorporando ingredientes locais e influências de diversas culturas, resultando em uma preparação nutritiva e representativa da diversidade gastronômica do país. O cuscuz é um reflexo da história do Brasil e de seu povo, simbolizando adaptação e riqueza cultural. Suas diversas possibilidades de preparo, como a farofa de cuscuz, cuscuz doce, tapioca de cuscuz, cuscuz com molho de salsicha, cuscuz só com manteiga ou recheado, mostram toda sua versatilidade e sabor, conquistando o coração de muita gente. Cada versão do cuscuz carrega uma história, uma cultura e um legado que atravessam gerações, consolidando-o como um prato emblemático da culinária brasileira.

De todo jeito, o cuscuz é bom demais! Seja no café da manhã, no almoço, no jantar ou até como sobremesa, ele é capaz de agradar todos os paladares e tornar qualquer refeição ainda mais especial. Que tal experimentar essas variações e se encantar com a versatilidade do cuscuz?


Bolinhos de maçã com canela – Perfeitos para acompanhar seu café!

Nos nossos últimas matérias, exploramos o delicioso mundo do café. Agora, vamos elevar essa experiência com uma receita que combina perfeitamente com seu café preferido: Bolinhos de maçã com canela. Eles são simples, rápidos e ideais tanto para acompanhar aquele café quentinho do começo do dia quanto o cafezinho no fim da tarde. Vamos deixar seu momento com café ainda mais especial com essa receita prática e deliciosa?




Foto: Amandha Silveira

Ingredientes:

  • 100g de farinha de trigo
  • 80g de açúcar cristal
  • 5g de fermento em pó
  • 1/2 colher de sobremesa de canela em pó
  • 100g de margarina (80% lipídios)
  • 100 ml de leite
  • 2 ovos
  • 1 maçã

Modo de Preparo:

  1. Pré-aqueça o forno a 180°C e unte uma forma ou use forminhas de cupcakes.
  2. Em uma tigela, misture a farinha de trigo, fermento, canela.
  3. Na batedeira, bata o ovo com a margarina, até ficar um creme fofo. Acrescente a farinha e o leite e, misture até formar uma massa homogênea. Reserve.
  4. Descasque e rale a maçã na parte mais grossa do ralador. E misture à massa.
  5. Distribua a massa nas forminhas ou na forma untada, preenchendo até a metade de cada uma.
  6. Asse por cerca de 20 minutos, ou até que os bolinhos estejam dourados e firmes ao toque.
  7. Deixe esfriar um pouco e sirva com seu café quentinho ou gelado.

Foto: Amandha Silveira 


Com essa receita simples de Bolinhos de Maçã com Canela, você vai transformar seu café da manhã ou lanche da tarde em um momento delicioso e aconchegante. O sabor da maçã combinando com o toque da canela é perfeito para acompanhar um café quentinho simples ou até um café com leite caramelizado, caso ainda não tenha conferido a receita, vale a pena dar uma olhada. Vou deixar o link da receita logo abaixo. Que tal preparar essa receita e saborear esses bolinhos com seu café?


​Café: conforto quente e uma receita imperdível para evitar desperdícios

A despeito das notícias recentes sobre o café "fake", é importante lembrar que a história do café está longe de ser recente nesse aspecto. De acordo com Ana Carolina Viotti, historiadora com mestrado e doutorado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e pós-doutorado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), responsável pelo Instagram @comerhistória, não é a primeira vez que o café é misturado com outros ingredientes para reduzir seu custo. Uma das misturas mais conhecidas, desde o século XVII, é aquela feita com raízes torradas e moídas de chicória, um "blend" que ainda pode ser encontrado nos dias de hoje.

Mas, convenhamos, há algo mágico em uma xícara de café! O ritual que envolve o preparo, o aroma que invade o ambiente e, claro, a sensação de aconchego que ela oferece.

E mesmo aqui, quando o sol parece querer derreter tudo ao redor, é impossível ignorar o poder que uma boa xícara de café tem. Claro, não podemos ignorar a realidade de que o preço do café subiu absurdamente. Antes, uma simples xícara era um prazer acessível, hoje ela exige uma reflexão profunda. O pequeno prazer agora exige mais do que apenas um desejo: é preciso um investimento, uma celebração de cada gole.


Foto: Amandha Silveira 


Mas a verdade é que, mesmo com o preço elevado e, mesmo no calor, o café continua sendo uma necessidade. Ele pode estar mais caro, mas o prazer de um bom café nunca perdeu seu valor. E, apesar das adversidades, a xícara quente segue sendo um pequeno refúgio, um alívio bem-vindo em meio ao turbilhão do dia a dia.

Não sei desde quando, mas o café acompanha a minha vida, desde a época do trabalho intenso na enfermagem. Faz parte dos meus instantes, das ideias e pensamentos, do hábito diário. Ele está presente nas mesas postas de café nas manhãs calmas de sábado, nas manhãs apressadas, nas pausas durante o trabalho, nos encontros com amigos e até nos momentos de reflexão solitária. Não importa a hora ou o contexto, seja ele puro, simples ou gourmet, sempre há espaço para uma xícara que traz mais do que sabor: traz um certo aconchego.

Então, mesmo que a cidade pareça derreter sob o calor ou o trabalho se acumule, faça uma pausa e saboreie o seu café. Afinal, um bom gole de café é sempre um convite para desacelerar. Para os amantes de café e para aproveitar até a última gota, evitando desperdícios na garrafa, apresento uma receita que é um abraço acolhedor: café com leite caramelizado.

CAFÉ COM LEITE CARAMELIZADO

Ingredientes:

  • 2 colheres (sobremesa) de açúcar cristal
  • 80 ml de leite integral
  • 150 ml de café (pronto, não adoçado)
  • 1 colher de sopa de leite em pó
  • Canela e cardamomo em pó a gosto ou outras especiarias de sua preferência (é opcional)
  • Gelo se preferir café gelado

Modo de Preparo

Coloque o açúcar para “derreter” em fogo médio e assim que começar a borbulhar acrescente o leite (cuidado para o caramelo não queimar). Acrescente o leite em pó e as especiarias. E misture ao café.

Utilizar o mixer para fazer uma espuminha, deixa a bebida mais aerada e cremosa.

Se preferir café gelado, adicione gelo.

Com essa receita, você não só saboreia um café delicioso, mas também evita desperdícios e aproveita cada gota de sabor e aconchego que ele oferece.

Café com História: 



Preço do café dispara e produtos similares surgem no mercado

Quem não ama um cafezinho? Essa bebida, que é uma verdadeira paixão nacional, registrou um aumento de 1,11% no consumo, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). Com isso, o Brasil mantém sua posição como o maior consumidor de cafés nacionais, mas nem tudo são boas notícias. Esse crescimento no consumo contrasta com o aumento expressivo nos preços. Em 2024, o café ficou 37,4% mais caro, um aumento bem superior a outros produtos da cesta básica, como leite (18,4%) e arroz (15%). Esse reajuste, especialmente nos cafés tradicionais, que tiveram uma alta de quase 40%, pesa no bolso dos consumidores e reflete a inflação que já está impactando o orçamento das famílias.

Porém, o aumento de preços não é o único desafio para quem aprecia um bom café. Uma nova preocupação tem se espalhado pelas redes sociais: o "Café Fake". Trata-se de um pó para preparo de bebida à base de café, que tem embalagens muito semelhantes às dos cafés tradicionais. A ABIC alertou sobre a venda desses produtos, que, embora sejam rotulados como "bebida sabor café", não têm registro na Anvisa e podem ser feitos de cascas, paus e outras partes do grão, que são consideradas impurezas pela Portaria SDA Nº 570 do Ministério da Agricultura. Além disso, esses produtos não informam a quantidade de café utilizada na receita, nem o volume de impurezas presentes. Em muitos casos, o produto sequer contém café entre seus ingredientes e pode ser composto por cevada ou milho, com apenas aroma artificial de café.

Outro ponto importante sobre o "Café Fake" é a confusão gerada pelas embalagens, que se assemelham muito às dos cafés tradicionais. Isso pode fazer com que o consumidor acabe comprando um produto diferente do que imagina. Apesar da embalagem, os ingredientes são distintos, e a comunicação no rótulo pode enganar, levando o consumidor a acreditar que está comprando um café convencional, quando, na verdade, trata-se de uma mistura com impurezas e ingredientes alternativos.


Amandha Silveira  

Visitei alguns supermercados nas zonas Sul, Norte e Leste de Teresina e, por enquanto, não encontrei o "Café Fake" nas prateleiras. No entanto, o alerta continua válido. Mesmo que o produto ainda não esteja disponível, é fundamental que os consumidores fiquem atentos às embalagens e às informações nos rótulos. A semelhança visual pode causar confusão, por isso é importante verificar os ingredientes e garantir que o que se está comprando seja, de fato, o produto desejado. No caso do café tradicional, o único ingrediente deve ser o grão de café.

Nos últimos anos, muitos produtos alimentícios se adaptaram para oferecer versões mais acessíveis ao consumidor. O mesmo fenômeno aconteceu com itens de origem láctea, como as bebidas e misturas lácteas e o creme culinário, que são opções mais baratas em relação aos produtos tradicionais, como leite, iogurte, leite condensado e creme de leite.

Esses produtos "similares" possuem uma composição nutricional bastante diferente da original. Embora as embalagens sejam muito semelhantes, o que acaba confundindo o consumidor, é importante destacar que, no caso dos produtos lácteos, como o leite condensado e o creme de leite, as versões mais baratas possuem o registro da Anvisa, garantindo sua segurança. Já o "Café Fake" não tem esse registro, o que levanta questões sobre sua qualidade.

Portanto, é essencial que os consumidores fiquem sempre atentos aos rótulos. A semelhança visual das embalagens pode levar ao erro na hora da compra, e é preciso verificar os ingredientes e a composição nutricional para garantir que o produto adquirido seja realmente o que você deseja. Quando o preço parecer muito atrativo, a recomendação é redobrar a atenção, especialmente quando se trata de produtos que alteram o sabor e a qualidade do que você espera, como o café e os itens lácteos.


Como criar refeições saborosas quando a geladeira está quase vazia

Quem nunca se viu de frente para a geladeira, no final da semana, se perguntando "O que vou fazer com isso?" Parece um cenário desolador: uma geladeira vazia, a despensa que parece mais uma área desértica, e a tentação de sair correndo para o mercado em busca de ingredientes frescos. Porém, antes de correr para o supermercado, vale a pena dar uma olhada mais cuidadosa no que realmente temos à disposição. Às vezes, o que parecia uma “despensa vazia” pode ser uma mina de ouro cheia de possibilidades. Com um pouco de criatividade, qualquer cozinha pode se transformar em um verdadeiro laboratório gastronômico.

A chave para a culinária criativa e sustentável está em fazer um inventário inteligente dos ingredientes que temos em casa. Às vezes, basta olhar de outra forma para aquilo que parece ser apenas o resto do almoço de ontem. Com arroz ou macarrão, você tem a base para um prato delicioso. Basta adicionar vegetais, ou uma proteína, como frango desfiado ou carne moída, e voilà, temos um prato completo.

A verdadeira magia acontece na forma como combinamos esses ingredientes. Quando a geladeira está vazia, o desafio não está na falta de produtos frescos, mas na maneira criativa de juntar aquilo que temos à mão. Usando o básico, podemos transformar algo simples em uma refeição deliciosa e, o melhor de tudo, sem desperdício. Isso não só reduz custos, mas também faz com que cada refeição seja mais sustentável.

Um exemplo perfeito da gastronomia sustentável e criativa é o tradicional mexido mineiro, um prato que representa a essência da culinária de Minas Gerais. Com raízes nas antigas cozinhas mineiras, o mexido é feito com ingredientes simples, como arroz, feijão, farinha, couve e ovo frito, mas carrega um sabor e significado únicos. Não há espaço para "erros" nesse prato – ele pode ser preparado de inúmeras maneiras, com variações que incluem linguiça, frango, torresmo, entre outros, e cada versão oferece uma nova experiência de sabor. A verdadeira magia do mexido mineiro está na sua versatilidade, que transforma o básico em uma refeição deliciosa e nutritiva.

Quando pensamos sobre a gastronomia sustentável, também estamos falando de uma filosofia de não desperdício. Muitas vezes, o que descartamos sem pensar pode ser o ingrediente chave para uma nova refeição. O segredo é o olhar criativo que transforma o “resto” em um prato digno de ser servido à mesa.

E é esse olhar criativo que faz com que a cozinha se torne um campo fértil para a inovação. Às vezes, ao fazer uma "limpeza" na geladeira ou na despensa, acabamos descobrindo novas combinações de sabores que jamais imaginaríamos se tivéssemos todos os ingredientes perfeitos à disposição. Isso também abre a porta para um estilo de vida mais sustentável, onde evitamos o desperdício e nos tornamos mais conscientes dos alimentos que compramos e consumimos.

Cozinhar, portanto, não é apenas uma questão de ter sempre os melhores ingredientes. Muitas vezes, a criatividade é o maior tempero. Quando a geladeira está vazia, a cozinha se transforma em um laboratório de invenções e experimentos. Ao dar espaço à imaginação e às possibilidades infinitas de combinação, podemos criar pratos deliciosos e nutritivos. O mexido mineiro é só um exemplo do quanto a culinária pode ser flexível, sustentável e, acima de tudo, criativa. Então, da próxima vez que você abrir a geladeira e não souber o que fazer, lembre-se: a verdadeira criatividade acontece quando se aprende a criar a partir do que se tem. Se você ficou curioso para experimentar essa delícia, aqui vai a receita:

Mexido Mineiro

Ingredientes:

•2 xícaras de arroz cozido

•1 xícara de feijão cozido

•2 colheres de sopa de óleo ou azeite

•1 cebola picada

•2 dentes de alho picados

•1 xícara de farinha de mandioca

•3 ovos

•Sal e pimenta a gosto

•Salsinha ou cheiro verde a gosto

•Opcional: couve fatiada, linguiça fatiada, frango desfiado, torresmo ou carne de sua preferência

Modo de preparo:

1.Em uma frigideira grande, aqueça o óleo ou azeite e refogue a cebola e o alho até ficarem dourados.

2.Se desejar, adicione a couve, linguiça fatiada, frango desfiado ou torresmo.

3.Adicione o arroz e o feijão cozidos e misture bem.

4.Acrescente a farinha de mandioca e mexa até que a mistura fique bem incorporada.

5.Ajuste o sal e a pimenta a gosto. Adicione salsinha ou cheiro verde a gosto.

6. Frite os ovos inteiros.

7.Sirva o mexido com os ovos fritos por cima.

Agora, é só aproveitar essa refeição simples, mas cheia de sabor, que utiliza os ingredientes que você já tem em casa. E lembre-se: com um pouco de criatividade, qualquer refeição pode ser uma verdadeira obra-prima!


Carnaval com energia: como aproveitar a folia de forma equilibrada!

Preparados para o Carnaval? Esta é uma das épocas mais aguardadas do ano, mas, além da fantasia, é essencial pensar no preparo do corpo para enfrentar o desgaste físico desse feriado animado. Então para aproveitar cada momento sem perder a energia, é essencial manter uma alimentação equilibrada. A escolha dos alimentos certos ajuda a garantir disposição, protege o corpo e até contribui para a recuperação pós-folia. Confira como manter o pique durante os dias de festa.

Alimentação para garantir o pique durante o carnaval

 Optar por alimentos in natura e minimamente processados, de fácil digestão, é uma excelente escolha para manter a disposição durante o Carnaval. Frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras são opções leves e nutritivas, que fornecem energia sem sobrecarregar o sistema digestivo. Evite trocar refeições completas por lanches rápidos, pois isso pode levar a quedas de energia e indisposição ao longo do dia.

Para aproveitar a festa com energia, os carboidratos são fundamentais. Eles são a principal fonte de combustível para o corpo, essenciais para garantir que você tenha fôlego para pular, dançar e se divertir. Invista em alimentos como batata, tapioca, macarrão e cereais integrais. Esses carboidratos fornecem a energia necessária para a maratona de folia!

As proteínas também desempenham um papel importante. Elas ajudam a prolongar a sensação de saciedade e a manter o corpo forte durante as horas de festa. Ovo, frango desfiado e laticínios são fontes práticas e deliciosas de proteínas, perfeitas para incluir nas suas refeições ou lanches rápidos entre os blocos, garantindo que você se sinta satisfeito e sem aquela fome repentina.

Além disso, as gorduras boas são essenciais para a proteção muscular e fornecem energia de longa duração. Elas ajudam a manter o pique e a evitar a fadiga. Opte por alimentos como oleaginosas, abacate e leguminosas, que são fontes saudáveis dessa gordura. Porém, é importante evitar alimentos gordurosos e de difícil digestão, como frituras e carnes processadas, pois eles podem causar desconforto e prejudicar seu desempenho durante a folia. Prefira carnes magras como frango e peixes, que são nutritivas e mais leves.


Foto: Amandha Silveira 

Cuidado com os Alimentos de Ambulantes

 Uma atenção especial deve ser dada ao consumo de alimentos vendidos por ambulantes. Fique atento à segurança alimentar e ao modo de conservação dos produtos, já que alguns alimentos podem ser expostos a temperaturas inadequadas e levar à intoxicação alimentar.

Dica Prática: Energize-se a Qualquer Hora

Uma dica prática é ter um sachê com oleaginosas como nozes, amêndoas e castanhas na bolsa ou blísteres de mel para recarregar a energia a qualquer hora e fornecendo aquele "empurrãozinho" que você precisa para continuar se divertindo sem cair na fadiga.

Além da alimentação adequada, o segredo para a disposição é cuidado com a hidratação 

O calor, o suor e o consumo de álcool podem desidratar rapidamente o corpo, prejudicando a sua energia e disposição. Não deixe de incluir também água, água de coco e bebidas isotônicas para repor os eletrólitos perdidos. Frutas frescas, como melancia e laranja, ajudam a manter o corpo hidratado de forma deliciosa e nutritiva.

Equilíbrio Durante a Festa

Para aproveitar a folia com segurança e sem excessos, é essencial manter o equilíbrio. Pode até ser um clichê, mas vale lembrar: se for beber, faça com moderação. Intercale a bebida alcoólica com água para evitar a desidratação e nunca beba de estômago vazio — aposte em refeições balanceadas antes da festa.

Com essas dicas, você vai curtir o Carnaval com muita energia, saúde e disposição! Que venha a festa! E para manter o pique durante a folia, que tal um Smoothie de Banana com Amendoim e Cacau? Uma receita simples, com poucos ingredientes, que vai ajudar a repor as energias e te refrescar nos dias de calor. Veja como preparar:

Smoothie de banana com amendoim e cacau – energia e sabor para pré ou pós-folia!

Ingredientes:

  • 1 banana bem madura congelada
  • 1 colher de sobremesa de cacau em pó
  • ½ colher de sopa de pasta de amendoim
  • 50 ml de leite
  • Gelo a gosto
  • Xerém de amendoim a gosto (para finalizar)

Modo de preparo:

  1. Coloque as bananas congeladas no liquidificador ou processador.
  2. Adicione o leite, o gelo, o cacau e a pasta de amendoim.
  3. Bata tudo até obter uma mistura cremosa e homogênea.
  4. Sirva e finalize com um pouco de xerém de amendoim por cima para um toque crocante e delicioso.

Este smoothie é uma opção refrescante e cheia de energia, ideal para te manter revigorado durante a folia ou para dar aquele ânimo pós-festa. O cacau oferece antioxidantes, as bananas trazem carboidratos naturais para reposição de energia e a pasta de amendoim fornece gorduras boas para ajudar na recuperação muscular.